Jornal Estado de Minas

GOVERNO

Bolsonaro e filhos postam mensagens contrárias à libertação de Lula

Brasília - Um dia após a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da prisão em Curitiba, onde estava preso desde 7 de abril do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro criticou o petista ao deixar o Palácio do Alvorada, ontem, para comparecer a um churrasco no setor militar de Brasília. "Lula está solto, mas continua com todos os crimes dele nas costas", disse Bolsonaro. "A grande maioria do povo brasileiro é honesto e trabalhador, não vamos dar espaço e nem contemporizar para um presidiário", afirmou ainda.





Mais cedo, pelas redes sociais, Bolsonaro já havia atacado Lula, mas indiretamente, sem mencionar o nome do ex-presidente nem de nenhum adversário político. "Amantes da liberdade e do bem, somos a maioria. Não podemos cometer erros", disse no Twitter. "Sem um norte e um comando, mesmo a melhor tropa, se torna num (sic) bando que atira para todos os lados, inclusive nos amigos. Não dê munição ao canalha, que momentaneamente está livre, mas carregado de culpa", afirma.

Em um segundo tuíte, o presidente da República escreveu: "Iniciamos a (sic) poucos meses a nova fase de recuperação do Brasil e não é um processo rápido, mas avançamos com fatos". E repete: "Não dê munição ao canalha, que momentaneamente está livre, mas carregado de culpa". Nos dois posts, Bolsonaro evita qualquer menção direta a adversários políticos que ganharam liberdade após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que derrubou a prisão após a condenação em segunda instância.

Mas, ao deixar o Alvorada, ele deixou claro de que as postagens eram sobre Lula. "Já fiz um comentário nas minhas mídias sociais hoje", disse quando foi perguntado sobre a soltura do ex-presidente da República. Mais cedo, Bolsonaro tinha recebido a visita de um dos filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), e também do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno.





O general, inclusive, postou mensagem em perfil no Twitter criticando o petista. “Lula, em seu discurso, mostra quem é e o que deseja para o país. Incita a violência (cita povo do Chile, por exemplo), agride várias instituições, ofende o presidente da República e mostral total desconhecimento sobre a carreira militar”, afirmou.

Bolsonaro reuniu o comando militar na manhã de ontem para avaliar o cenário após a soltura de Lula. Entre os militares, a avaliação é de que não há sinais de movimentos atípicos, mas há a preocupação de que o discurso de Lula possa incitar a violência. Além de Heleno, participaram da reunião o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e os comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica. O encontro durou pouco mais de meia hora.

“Comemorem, criminosos!”

Os filhos do presidente Jair Bolsonaro, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), usaram suas contas no Twitter para repudiar a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e demais políticos considerados "criminosos". Carlos republicou vídeo em que seu pai pede para a população não dar "munição ao canalha que momentaneamente está livre", sem citar nominalmente o petista. "Calma, cambada de bandido, o Brasil não é de vocês! Comemorem, criminosos! Estão liquidados política e criminalmente! O Brasil vai dar certo!", enfatizou o vereador na postagem.





Eduardo Bolsonaro foi mais taxativo e afirmou que, "além de Lula, Zé Dirceu e outros quadrilheiros, milhares de criminosos serão soltos no país, fazendo com que você fique à mercê de seus atos malignos". Eduardo Bolsonaro questionou se é isso que queremos para o Brasil e disse que "lutaremos até o fim". A publicação ainda vem acompanhada por uma imagem com o texto: "Eles estão rindo da sua cara! O povo brasileiro não aguenta mais temer pela própria vida enquanto vê bandido se dando bem, chega! Repudiamos a soltura do chefe e dos integrantes da quadrilha que destruiu o Brasil, além dos milhares de outros criminosos".

Enquanto Lula discursava em São Bernardo, Eduardo disse pelo Twitter que a liberdade do petista vai provocar nova reunião de forças antipetistas. “A revolta e indignação da sociedade com a impunidade volta (sic) à tona novamente com a soltura de Lula. Isso vai criar uma atmosfera em que novamente deixaremos pequenas diferenças de lado e ocorrerá uma união em torno do antipetismo", escreveu Eduardo, filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

PRESSÃO SOBRE O CONGRESSO

Eduardo, que líder da bancada do PSL na Câmara dos Deputados, também escreveu em sua conta no Twitter que uma eventual obstrução da pauta para pressionar pela votação da PEC 410, que traria à Constituição a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, "não faria sentido" uma vez que a PEC dificilmente seria aprovada pelo Congresso ainda este ano. A votação da PEC na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara está prevista para segunda-feira.





"Se a obstrução for efetiva, conte comigo na liderança do PSL. Mas o que os técnicos me dizem é que se aprovada na CCJ a PEC 410/2018 (prisão 2ª instância) precisa passar por comissão especial e cumprir prazos regimentais. Ou seja, dificilmente conseguiríamos aprová-la ainda esse ano. Assim, não faria sentido uma obstrução, pois ela não traria nenhuma celeridade para a aprovação da PEC e apenas travaria todas as demais pautas. Se for provado o contrário, mudo meu posicionamento tranquilamente", tuitou o deputado.

A obstrução em prol da PEC 410 foi proposta pelas lideranças do Podemos, Cidadania e Novo. No PSL, novamente, a bancada está dividida. A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) tem anunciado em suas redes sociais que o "PSL raiz" está comprometido com a obstrução e diz que 19 deputados do partido já firmaram posição pela obstrução.