O Ministério da Infraestrutura assinou ontem acordo com a Ferrovia Centro-Atlântica S/A (FCA), administrada pela VLI S/A, para pagamento de uma multa de R$ 1,2 bilhão aos cofres da União. Parte do dinheiro pode ser destinada para ampliar o metrô de BH, com a implantação da linha 2, ligando o Bairro Calafate ao Barreiro. Entretanto, não há cláusula no acordo prevendo que os recursos virão exclusivamente para Minas. O Rio de Janeiro também está na disputa e quer uma parte da verba. A assinatura do acordo ocorreu na sede do Ministério Público Federal em Minas, o que pode ser visto como um ato simbólico de que o estado será beneficiado.
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Zema pede apoio a prefeitos para convencer deputadosPor 8 a 3, Supremo autoriza o compartilhamento de dados da ReceitaEsposa de Eduardo Bolsonaro cita 'perrengues' apesar do salário de R$ 33 mil do deputadoDestinação exclusiva de multa ao metrô de BH desagrada a cidades do interiorCongresso estuda criar uma espécie de bônus salarial para o funcionalismoA multa é resultado de abandono de trechos de estradas de ferro da FCA em Minas Gerais, que vão do município de Sabará, na Região Metropolitana, a Cataguases, na Zona da Mata, correspondente a 65% de toda extensão abandonada pela empresa. A bancada fluminense também tem interesse em parte dos recursos, pois a ferrovia percorre uma área de 20% do estado. O restante está em território paulista.
Na segunda-feira, o deputado Diego Andrade (PSD), coordenador da bancada mineira na Câmara, disse que existe um compromisso do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, de que esse dinheiro seria reservado para o metrô de Belo Horizonte. “São recursos que também estão sendo disputados pela bancada do Rio de Janeiro. Mas, como foi feito o compromisso do ministro Tarcísio, e existe uma grande mobilização da bancada mineira, esperamos assegurar esses recursos assim que eles chegarem aos cofres da União”, completou Diego Andrade.
Na manhã de ontem, em encontro com prefeitos e representantes de cidades da Região Metropolitana, o governador Romeu Zema disse que está nos seus planos melhorar a mobilidade na região metropolitana. Antes mesmo de ter sido fechado o acordo entre o governo federal e a VLI, ele destacou a importância dos recursos para a capital. Na terça-feira passada, o governador se reuniu com representantes da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) para conhecer detalhes do trecho da linha 2.
Zema criticou a falta de investimento no trem metropolitano de Belo Horizonte, que ficou esquecido nos últimos anos enquanto os metrôs de São Paulo e do Rio de Janeiro receberam verbas. O governador disse que se perde tempo andando de carro na capital e garantiu que irá “pelo menos iniciar alguma coisa” na sua gestão. “É fundamental melhorarmos a mobilidade”, disse.
Linha 2
A linha Calafate/Barreiro deve ser a contemplada com os recursos porque é o trecho mais avançado. Algumas estações têm suas estruturas já iniciadas, mas foram paralisadas há cerca de 20 anos por falta de recursos. No final de 2011, a obra de expansão das linhas 2 e 3 do metrô foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e foram gastos a partir do ano seguinte R$ 53 milhões para a elaboração de estudos técnicos e projetos do metrô, mas tudo foi paralisado.