O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira, 29, que ele e seus ministros não querem ler a Folha de S.Paulo. A fala foi em resposta a um questionamento sobre os critérios técnicos que levaram à exclusão do jornal de um edital da Presidência da República para compra de periódicos da imprensa.
"Eu não quero ler a Folha mais. E ponto final. E nenhum ministro meu", disse Bolsonaro. O presidente também afirmou a seus apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada: "Recomendo a todos do Brasil aqui que não comprem o jornal Folha de S.Paulo".
O edital de licitação prevê a contratação de exemplares de 24 jornais e dez revistas. Ao todo, são previstas 438 assinaturas de jornais e 198 assinaturas de revistas. O valor global do edital é de R$ 194.393,64. A Presidência não incluiu a Folha entre os jornais a serem comprados.
"Olha, a Folha de S.Paulo não serve nem para forrar aí o galinheiro. Eu estou deixando de gastar dinheiro público", disse Bolsonaro.
O presidente lembrou que assinou Medida Provisória para desobrigar a publicação de balanços de empresas em jornais. E lamentou que a sugestão não tenha sido acolhida pelo Legislativo. "Eu baixei uma Medida Provisória nesse sentido. R$ 1,2 bilhão por ano que esses empresários deixariam de gastar. Infelizmente, a Medida Provisória está no caminho do arquivo. Não é perseguição à imprensa, é modernidade. É a mesma coisa se tivesse algo obrigando vocês (da imprensa) a terem datilógrafo na redação de vocês", disse.
Bolsonaro afirmou ainda que não consome produtos de empresas que anunciam na Folha. "A imprensa tem a obrigação de publicar a verdade. Só isso. E os anunciantes que anunciam na Folha também. Qualquer anúncio que faz na Folha eu não compro aquele produto e ponto final. Eu quero imprensa livre, independente, mas, acima de tudo, que fale a verdade."
Questionado se defende boicote ao jornal, Bolsonaro disse: "Já dei o meu recado".
'Atitude discriminatória'
Em nota, a Folha de S.Paulo afirmou que "lamenta mais uma atitude abertamente discriminatória do presidente da República contra o jornal".
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