O presidente Jair Bolsonaro voltou a chamar a ativista sueca Greta Thunberg de “pirralha” e a associar o ator Leonardo DiCaprio como um suposto financiador de uma Organização Não Governamental (ONG) suspeita de ter incendiado uma área da Amazônia, no Pará, segundo investigações feitas pela Polícia Civil (PC) do estado. As declarações foram ditadas na saída do Palácio da Alvorada, nesta quarta-feira (11/12), a um apoiador de Santarém (PA).
As acusações do presidente sobre DiCaprio foram desmentidas pelo próprio ator em 30 de novembro, por meio de uma rede social. “Embora dignas de apoio”, ele afirmou que não financia as “organizações citadas” por Bolsonaro e pelas investigações da PC. O chefe do Executivo federal o acusou de dar dinheiro para “tacar fogo na Amazônia”. Nesta quarta, ele voltou a acusar, negando-se, contudo, que esteja atribuindo tal crime.
Quatro brigadistas investigados foram presos sob a suspeita de provocar incêndio criminoso na região de Alter do Chão. Foram acusados, ainda, de venderem imagens das queimadas supostamente provocadas por eles para a ONG Projeto de Saúde e Alegria e a WWF, que teriam, no entendimento de Bolsonaro, recebido doações de DiCaprio. A Justiça, no entanto, deu ganho de causa para a defesa dos investigados e os soltou.
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), ordenou a troca no comando das investigações. O delegado que presidia o inquérito, Fábio Amaral Barbosa, foi substituído pelo diretor da Delegacia Especializada em Meio Ambiente, Waldir Freire Cardoso. Ainda assim, Bolsonaro voltou a associar DiCaprio como financiador das ONGs e parabenizou as investigações policiais.
Indícios
No entender do presidente, o inquérito policial fez um trabalho “bastante objetivo”. “Pegou um pessoal que pegava dinheiro de ONG para tocar fogo no Brasil e a imprensa, em grande parte, (fica) defendendo, agora, esses quatro caras presos e postos em liberdade. Quando falei, e não acusei o Leonardo DiCaprio — a imprensa falou que eu acusei —, o Leonardo DiCaprio doou dinheiro para a ONG que comprou as fotografias”, declarou.
Em tom irônico, o capitão reformado sugeriu que a imprensa o apoia pela beleza. “O pessoal aqui apoiando o Leonardo DiCaprio, não sei, deve ser porque é mais bonito do que eu”, comentou. Para ele, as suspeitas são relevantes. “Realmente tem indícios, não são provas, e quando falei lá atrás que deveria, poderia ter dinheiro de ONG, me esculhambaram aqui também. A imprensa, para esculhambar, é ‘(nota) 10’ aqui no Brasil”, criticou.
Pirralha
Ao fim das declarações sobre a Amazônia, voltou a provocar Greta. “Uma pirralha de 16 anos fala qualquer besteira lá fora, qualquer besteira, falou, pronto, pode dar porrada no Brasil e o pessoal aqui vai apoiar. Ela, inclusive, acusou, agora, que os índios morreram defendendo a Amazônia. Ninguém sabe a causa ainda, né, mas tudo bem”, disse.
Os comentários feitos por Greta dizem respeito a mortes de dois caciques indígenas, Firmino Silvino Guajajara e Raimundo Bernice Guajajara, assassinados em um ataque a tiros na BR-225, região do município de Jenipapo dos Vieiras, localizado a 506km de São Luís. Outros dois índios, Nico Alfredo Guajajara e Nelsi Guajajara, ficaram feridos no ataque a tiros e foram socorridos para a Unidade de Pronto-Atendimento de Jenipapo dos Vieiras. Eles estavam junto ao grupo atacado quando uma caminhonete se aproximou e disparou contra os nativos.
A ativista Greta Thunberg respondeu, de um jeito bem irônico, a crítica feita a ela pelo presidente Jair Bolsonaro nessa terça-feira (10/12). Nesta manhã, ao sair do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que é "impressionante a imprensa dar espaço para uma pirralha dessa aí". Logo após a declaração,a adolescente de apenas 16 anos mudou a sua descrição no Twitter para "pirralha". Greta Thunberg foi eleita a personalidade do ano de 2019 pela revista Time. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (11/12).