No próximo ano, as emendas parlamentares individuais serão transferidas diretamente para as prefeituras de suas respectivas bases dos congressistas sem a vinculação com programas do governo. As emendas de bancada, até então negociadas pelo Executivo, passarão a ser impositivas, ou seja, de execução obrigatória.
Ciente das dificuldades, a aposta governista é trabalhar o mérito das propostas e, quando necessário, negociar a liberação de emendas extras em patamares entre R$ 2 milhões a, no máximo, R$ 10 milhões por parlamentar.
A meta para o próximo ano, contudo, é adotar um modelo mais próximo do adotado pelo ex-presidente Michel Temer, de oferecer a liberação de R$ 5 milhões – chegando ao máximo de R$ 10 para os mais fiéis – em emendas extras e cargos para deputados e senadores que mostrarem lealdade em votações de matérias sensíveis, como a polêmica reforma administrativa, que sofrerá a resistência de centrais sindicais.
''A pauta voltada para o lado econômico flui de maneira natural. O maior desafio para a gente vai ser quando a pauta começar a ser de costumes, e também a questão das armas''
Major Vitor Hugo (PSL-GO), líder do governo na Câmara
Mais impositivo
Diálogo
Os desafios para a articulação política em 2020 são relevantes, mas parlamentares governistas, de centro e até de partidos da oposição acreditam que é possível superá-los com bom diálogo. Líder do Unidos pelo Brasil, maior bloco parlamentar do Senado, o senador Esperidião Amin (PP-SC) não considera que a descentralização de recursos e as estratégias adotadas pela articulação política possam deixar o governo refém do Parlamento.
Maturidade
O pedetista ressalta, contudo, que ambas as PECs representam avanços significativos para o pacto federativo. “Vão ter desafios a serem superados por ambas as partes em uma relação que tem que ser construída todo dia. Tem dia que está mais desgastada, e tem dia que não está. Mas a grande vantagem é que o Congresso está votando a pauta que acredita que é melhor para o Brasil”, ressalta. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF), vice-líder do governo no Senado, diz que a articulação política vai focar no convencimento. “Os parlamentares não votam mais só porque alguém mandou”, comenta.