A Câmara Municipal de Uberlândia, no Triângulo mineiro, vive uma situação inusitada, a maioria de seus vereadores, 20 dos 27 parlamentares, estão presos ou com prisão decretada pela Justiça. Grande parte ( 17) por meio de operação deflagrada nesta segunda-feira. Três já haviam sido detidos em outubro passado.
Os parlamentares eleitos em 2016 são alvo de operação do Ministério Público de Minas Gerais (MPE) que investiga desvio de dinheiro público - por meio de verba de gabinete, contratação irregular de empresa de segurança, de limpeza e de uma gráfica.
O valor total do prejuízo aos cofres públicos ainda não foi divulgado. Só na gráfica, estima-se que o prejuízo gire em torno de R$ 4 milhões.
Bagunça e perplexidade
Na manhã desta segunda-feira, a reportagem do Estado de Minas conversou com dois funcionários da Câmara de Uberlândia, que tem cerca de 500 servidores, que resumiram como estava o ambiente na Casa: ' bagunça', disse um, e ' de perplexidade', completou o outro.
Um dos funcionários contou que por volta das 6h desta segunda-feira um grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPE, esteve no gabinete do presidente da Câmara MUnicipal, Hélio Ferraz (PSDB), conhecido como o Baiano, e ''levou tudo do gabinete", se referindo a computadores, documentos e outros objetos apreendidos.
A sede do Legislativo municipal, segundo esse funcionário ouvido pela reportagem, não foi o único local alvo de busca e apreensão na manhã de hoje. Os demais mandados foram cumpridos nas casas dos vereadores, onde eles foram presos, e de outros envolvidos na suspeita de corrupção.
Ao todo foram expedidos pela Justiça 40 mandados de prisão - as identidades dos demais envolvidos, além dos vereadores, não foram divulgadas - e 42 mandados de busca e apreensão.
Segunda operação
A operação do MPE nesta segunda-feira é o desdobramento de outra realizada em outubro deste ano, batizada de O Poderoso Chefão, que resultou na prisão dos vereadores Alexandre Nogueira (PSD), Juliano Modesto (suspenso do SD) e Wilson Pinheiro (PP), que permanecem afastados dos cargos. Suplentes assumiram as cadeiras desses três vereadores.Segundo as primeiras informações do Ministério Público Estadual (MPE), Nogueira e Modesto são novamente alvos da operação de hoje. Nogueira estava em liberdade, sob uso de tornozeleira, desde a última sexta-feira (13), data em que a Câmara de Uberlândia entrou em recesso (férias). O Legislativo só voltará a funcionar em 2 de fevereiro do ano que vem.
Confira o nome dos 20 vereadores investigados nesta operação com prisão decretada e/ou presos
- Alexandre Nogueira (PSD)
- Ceará (PSC)
- Doca Mastroiano (PL)
- Dra. Flavia Carvalho (PDT)
- Dra. Jussara (PSB)
- Felipe Felps (PSB)
- Hélio Ferraz, Baiano (PSDB) - Presidente da Câmara
- Isac Cruz (Republicanos)
- Juliano Modesto (SD)
- Marcio Nobre (PSD)
- Pâmela Volp (PP)
- Paulo César PC (SD)
- Ricardo Santos (PP)
- Rodi (PL)
- Roger Dantas (Patriota)
- Ronaldo Alves (PSC)
- Silésio Miranda (PT)
- Vico (Sem Partido)
- Vilmar Resende (PSB)
- Wender Marques (PSB)