Jornal Estado de Minas

Eleições

Centro tem o desafio de encontrar nome que rivalize com Bolsonaro e Lula


Brasília
– O centro político tem estrutura partidária, recursos e candidaturas potencialmente fortes para a disputa das eleições de 2020 e 2022, mas vai precisar mais do que isso para romper a polarização, sobretudo nas capitais. Para ter alguma chance de derrubar candidaturas de esquerda ou direita — sobretudo na disputa presidencial, daqui a três anos —, será preciso construir uma união em torno de uma candidatura com poder de liderança com ideologia e gestão bem definidas.


 
A construção de uma candidatura centrista para as eleições presidenciais passa, inevitavelmente, por 2020. A eleição de prefeitos e vereadores é a principal estratégia no curto prazo para pavimentar o processo, sustenta o estrategista eleitoral Rosano Garbin, sócio da consultoria Lógicas, Táticas e Estratégias. “É um passo necessário para ter uma caixa de ressonância nos municípios que vai espalhar suas políticas. Do contrário, não vão ter narrativa para convencer a população”, alerta.

 
João Doria é uma importante opção do PSDB para 2022, porém Eduardo Leite também é citado na legenda (foto: George Gianni/PSDB)
No papel, é possível o centro romper a polarização e emplacar um candidato. As viagens feitas pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sinalizam movimentos de ocupação de espaços na busca por protagonismo. Contudo, Garbin acredita que ele não tem a liderança popular necessária. “O centro faz de tudo para ter espaço, mas, dificilmente, vai ter isso, porque não há uma grande liderança. O ACM Neto (prefeito de Salvador e presidente do DEM), por melhor que seja, não reproduz a influência do ACM ‘vô’”, justifica.
 
Outra qualidade que o centro precisará mostrar é a defesa de uma ideologia bem construída, seja de esquerda ou direita. É o que faz, por exemplo, o presidente Jair Bolsonaro, com uma narrativa construída em defesa dos valores familiares, cristãos e, mais recentemente, desde as eleições, à liberdade econômica. Na visão do governo, só uma postura semelhante ameaçaria sua reeleição. Para a esquerda, o centro precisa flexibilizar a defesa à política econômica liberal e buscar um equilíbrio mais próximo do social. Caso contrário, ambos os polos acreditam que a disputa em 2022 ficará, novamente, entre os extremos.