O juiz federal da Justiça Militar Frederico Magno de Melo Veras, titular 2ª Auditoria da 11ª Circunscrição Judiciária Militar (11ª CJM), em Brasília, recebeu a denúncia oferecida pelo Ministério Público Militar (MPM) contra o segundo-sargento da Força Aérea Brasileira (FAB) Manoel Silva Rodrigues, preso com 39 kg de cocaína na Espanha, enquanto acompanhava a comitiva do presidente Jair Bolsonaro para o Japão. Ele é acusado de tráfico internacional de drogas.
Leia Mais
Aeronáutica vai ouvir sargento preso com cocaína na EspanhaSuperior Tribunal Militar nega habeas corpus de sargento da FAB preso com cocaínaSenadores votam novas regras para uso do avião da FAB nesta quintaGoverno estuda mudar regras para uso de aviões da FAB, diz Onyx LorenzoniBolsonaro recua e manda demitir secretário da Casa Civil recontratadoSecretário demitido por usar avião da FAB já foi recontratadoSegundo a Justiça Militar de Brasília, apesar do tráfico internacional de drogas não estar previsto no Código Penal Militar (CPM), o caso se enquadra na hipótese de crime de natureza militar por extensão, já que se trata de um militar em situação de atividade que supostamente atentou contra a ordem administrativa militar.
O juiz marcou para o dia 21 de maio, às 14h, a inquirição das testemunhas arroladas pelo Ministério Público Militar, data que, segundo o magistrado, "leva em consideração a circunstância dever o acusado ser citado por meio de Pedido de Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça".
"Estando revestida das formalidades legais, recebo a denúncia", escreveu.
Na denúncia, o promotor de Justiça Militar diz que 'a bordo da aeronave, o denunciado posicionou sua bagagem junto à última poltrona, perto do armário, tendo permanecido durante todo o voo na guarda do respectivo material".
Ele também responde a ação penal na Espanha, onde a Promotoria pediu que a pena seja de 8 anos de prisão, além de multa de US$ 4 milhões.
Relembre o caso
Ao ser preso em Sevilha com a droga, o sargento declarou à Justiça espanhola que não sabia que sua bagagem continha cocaína. Silva Rodrigues fez ao menos 30 viagens nacionais e internacionais em aviões da Força Aérea nos últimos cinco anos. Em algumas delas, ele integrava a equipe que servia, diretamente ou em apoio, os ex-presidentes Michel Temer e Dilma Rousseff.
O sargento não estava no avião que atenderia ao presidente Jair Bolsonaro, mas no avião reserva, ou seja, a aeronave estava sob responsabilidade da Força Aérea e não da Presidência da República. Após este episódio, a Aeronáutica reformulou todos os procedimentos de vigilância nos embarques de bagagens e passageiros em suas aeronaves.
A droga não estaria apenas na bagagem despachada do sargento, mas também em sua maleta de mão e em um porta-terno. De acordo com as investigações realizadas pela Aeronáutica, o sargento teria agido sozinho. Sua mulher, no entanto, teria conhecimento dos atos ilícitos praticados por ele.
As ações de busca e apreensão realizadas na casa do casal revelaram que ele possuía uma coleção de relógios, um celular avaliado em R$ 7 mil e eletrodomésticos caros que pareciam recém-adquiridos.