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Estado de Minas ELEIÇÕES

PSL busca identidade

Sem Jair Bolsonaro, que está fundando outro partido, legenda investe em candidaturas majoritárias, mas está aberta a diálogos. Já existem conversas com DEM e Republicanos


postado em 12/01/2020 04:00

Major Olímpio diz que PSL continua a crescer, apesar da saída de Bolsonaro (foto: LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS)
Major Olímpio diz que PSL continua a crescer, apesar da saída de Bolsonaro (foto: LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS)

Brasília – Sem a esteira de Jair Bolsonaro para impulsionar candidatos nas eleições municipais de 2020, o PSL brigará para construir um rosto que seja a marca da agremiação. A estratégia é competir por prefeituras com o maior número possível de candidaturas majoritárias. Os principais estados são Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco. Dono de um fundo eleitoral de R$ 202 milhões e de um tempo televisivo de 57 segundos diários, a legenda não descarta alianças. Já existem conversas com o Democratas na Bahia, e abertura para negociar com o Republicanos. A proibição, claro, é qualquer aliança com o PT, PCdoB e PSol.

A principal aliança política deverá acontecer na capital da Bahia, onde o partido apoiará Bruno Reis, candidato de ACM Neto, atual prefeito da capital e presidente do DEM. O cientista político Cristiano Noronha, da Arko Advice, destaca que o PSL apresentou crescimento impressionante nas eleições do ano passado, capitaneado pela imagem e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. A saída dele do partido resulta na perda de força, de acordo com o especialista, mas mantém o crescimento frente ao pleito municipal anterior.

“Se você comparar o desempenho do partido com a última eleição municipal, a tendência é que cresça agora em 2020. A partir da candidatura e eleição do presidente Bolsonaro, o partido teve uma votação expressiva que rendeu uma boa fatia do fundo partidário. Então a sigla vem com mais recursos e tempo de TV neste ano. Agora, se a gente for comparar com a expectativa se o Bolsonaro ainda estivesse nele, vai haver uma redução”, explica Noronha.

Para o estudioso, a saída do presidente da legenda causa entraves regionais. “Nos principais centros urbanos, quem poderia se aliar ao partido por conta do Bolsonaro, pode mudar de intenção. Em São Paulo, por exemplo, pode ocorrer essa dificuldade”, completa o especialista. Por outro lado, partidos de centro podem apoiar a legenda com o afastamento da agremiação do chefe do Executivo.

Presidente do movimento político Livres, que surgiu no seio do PSL, mas deixou o partido após a filiação da família Bolsonaro, o também cientista político Paulo Gontijo é outro que acredita em um reposicionamento mais próximo do centro. Ele destaca que a legenda não ocupará o campo ideológico do bolsonarismo. “Serão mais pragmáticos. Teremos mais alianças com partidos ideologicamente não alinhados ao presidente da República”, afirma.

Gontijo destaca como figuras mais fortes a candidata a prefeito por São Paulo (SP), a deputada Joice Hasselmann, e o candidato a prefeito do Rio de Janeiro (RJ), o deputado estadual Rodrigo Amorim. “Se não investirem bem em bons quadros, vão encolher. Então, a tendência é lutar por novas candidaturas. Eles perderam com a saída do Bolsonaro, que era a cara deles. Agora, vão tentar ter cara. No Rio, Rodrigo Amorim é um nome muito forte. Em São Paulo, tem a Joice. Em Recife, deve ser alguém ligado ao Bivar. Mas não vejo nenhum outro nome de expressão nacional para cargos executivos nestse momento”, avalia.

Candidaturas próprias


Brasília –  Presidente do diretório paulista do PSL, o deputado federal Júnior Bozzella baixou uma resolução estadual determinando candidaturas próprias em todas as cidades do estado. Qualquer aliança não conversada poderá levar à destituição do partido no município. “Estamos indo nas regiões para orientar os trabalhos. Ver de que forma o PSL vai aplicar sua energia. No plano nacional, estamos fazendo um bom trabalho. Em 3 de fevereiro, teremos uma executiva nacional com todos os presidentes estaduais, para debater o plano estratégico dos estados”, conta o dirigente.

Para dar relevância ao partido, o plano, por sua vez, é promover grandes eventos. Segundo Bozzella, a legenda organizará palestras sobre segurança pública, saúde e educação de acordo com a necessidade de cada região. A meta é convidar especialistas nacionais e internacionais. “Conversando com os presidentes estaduais, temos percebido que as coisas estão encaminhadas; em fevereiro, teremos um grande encontro”, afirma. O deputado destaca também que o distanciamento do partido da família Bolsonaro e dos deputados dissidentes está facilitando a conversa com outras agremiações.O senador Major Olímpio, outro nome de peso na legenda, destaca que, apesar da saída de Bolsonaro, o número de filiados continua a crescer. Segundo o parlamentar, a perda provocada pela desfiliação do presidente e da campanha dos deputados rebeldes não diminuiu em mais que 50 o número de filiados em São Paulo, por exemplo. Recentemente, a gerência de tecnologia da sigla divulgou uma nota informando que o partido recebeu, desde novembro, 14,8 mil novos pedidos de filiação em todo o país.

Além disso, Major Olímpio lembra que, embora tenha rompido com o partido de modo unilateral, o presidente da República auxiliará a legenda ao sancionar o fundo eleitoral público de R$ 2 bilhões. Principalmente tendo em vista a baixa possibilidade de o Aliança pelo Brasil estar pronto a tempo para participar das eleições municipais. “Eu torço para vetar (o fundão), mas acho que não vai. O partido é a bola da vez. É a noiva. Todo mundo quer ter na sua aliança o PSL como vice ou com sua chapa de vereadores. Mas, o interesse principal do PSL é a eleição dos seus próprios quadros”, afirma o senador.

A meta, ele afirma, é expandir a sigla, que, segundo o parlamentar, resiste com firmeza à crise com Bolsonaro e deve sofrer transformações nos próximos anos. “Eu estou otimista com o PSL. O partido vai se fortalecer.”
 



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