Jessé Lopes, deputado estadual de Santa Catarina pelo PSL, se envolveu em uma polêmica ao criticar o movimento “Não é Não”, no último final de semana. Será a primeira vez que a causa feminista vai atuar em Florianópolis no carnaval. De acordo com ele, o assédio “massageia o ego” e é “direito” de todas as mulheres.
O movimento “Não é Não” vai atuar em 15 estados neste carnaval. A ação feminista vai distribuir tatuagens temporárias e está em busca de recursos até 16 de janeiro, por meio de doações em uma plataforma on-line.
Jessé afirma ainda que "após as mulheres já terem conquistado todos os direitos necessários, inclusive tendo até, muitas vezes, mais direitos que os homens, hoje as pautas feministas visam em seus atos mais extremistas TIRAR direitos. Como, por exemplo, esse em questão: o direito da mulher poder ser "assediada" (ser paquerada, procurada, elogiada…). Parece até inveja de mulheres frustradas por não serem assediadas nem em frente a uma construção civil”.
O parlamentar também alega que “feministas pelo Brasil contra a família patriarcal tentam ganhar a opinião pública ‘defendendo’ as mulheres do estupro, do feminicídio e do assédio dos ‘machos escrotos’”. Até a tarde desta segunda-feira, a publicação tinha 1,5 mil reações e 1,8 mil comentários.
Em um dos comentários, uma mulher afirmou: “"Só consigo sentir muito por todas as pessoas que foram assediadas, e leram esse texto. Queria que fosse uma sátira apenas."
Em resposta, o deputado buscou nas redes sociais da garota uma foto em que ela aparecia com uma roupa decotada, e escreveu: "Nesta foto, não parece que você está muito preocupada com assédio. Inclusive, você é muito bonita. Parabéns”. Após esse comentário, muitas outras mulheres foram defender a jovem na página do parlamentar, o que o levou a apagar a postagem.
Outras polêmicas
Esta não é a primeira polêmica que Lopes se envolve. Em maio do ano passado, durante a discussão sobre um projeto de lei de combate ao assédio sexual e à cultura do estupro em Santa Catarina, o deputado afirmou que as mulheres deveriam prestar atenção às roupas que usam para não chamar atenção de estupradores.
“Se quer andar na rua com sua sainha, com seu shortinho, com seu decote, ótimo. Se você quer chamar a atenção de estupradores, sabe os riscos que está correndo”, disse Lopes.
“Se quer andar na rua com sua sainha, com seu shortinho, com seu decote, ótimo. Se você quer chamar a atenção de estupradores, sabe os riscos que está correndo”, disse Lopes.
Assédio no Brasil
É considerado assédio sexual: insultos, piadas, violência física e psicológica, contatos indesejados, convites constantes, ameaças, constrangimentos, comentários, perseguições reais ou virtuais, mensagens ou desenhos obscenos, conversas de natureza sexual. Todas essas atitudes são enquadradas no Código Penal como constrangimento de alguém.
Em pesquisa do Datafolha, de 2017, 15% das mulheres brasileiras disseram ter sofrido assédio sexual no local de trabalho e quatro em cada 10 mulheres já sofreram algum tipo de assédio.
De acordo com pesquisa feita pelo Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva no ano passado, todas as brasileiras com mais de 18 anos afirmaram que já passaram por situações de assédio sexual em transporte público, por aplicativo ou táxi. Foram entrevistadas 1.081 mulheres em todas as regiões do brasil. Sudeste: 38% (416 entrevistas), Nordeste: 22% (236), Centro-Oeste+Norte: 20% (219) e Sul: 20% (210).
*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz