A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) inaugurou, na tarde desta quinta-feira, um memorial em homenagem às vítimas de rompimento de barragem em Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte, em janeiro do ano passado. Na Praça da Assembleia, em BH, sede do Legislativo mineiro, uma obra com os nomes de todos os atingidos foi instalada, onde ficará por tempo indeterminado.
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Brumadinho não poderia ter recebido aval, afirma PFTragédia de Brumadinho faz STF discutir empréstimo de US$ 1, 2 bi do governo de MGCPI vai até Brumadinho para ouvir atingidos pelo rompimento da barragem da ValeMemorial BrumadinhoCom presença de Zema, secretários e autoridades, ALMG inicia trabalhos de 2020Assembleias encurtam recesso por previdência; gasto extra na BA é de R$ 3,17 miLeis para compensar estragos das chuvas em MinasRosas brancas foram deixadas no local, além de velas acesas e fotos das vítimas, essas afixadas em uma das paredes do prédio. Houve pronunciamentos de representante das famílias dos atingidos e do presidente da ALMG, o deputado estadual Agostinho Patrus (PV).
"A Assembleia iniciou esses quatro anos de mandato de luto, e isso se mantém. Ainda temos pessoas desaparecidas, famílias que ainda não conseguiram fazer o último gesto com essas pessoas. É um momento de homenagem às vítimas e às famílias, pensando nas pessoas. A questão ambiental é importante, judicial, de indiciamentos, mas focamos nas pessoas", disse o parlamentar durante a cerimônia.
Desde a tragédia, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais trabalha diariamente para localizar possíveis vítimas. Comandante-geral da corporação, Edgard Estevo da Silva disse que o trabalho ainda não acabou, já que 11 pessoas ainda não foram encontradas.
"Faltam ainda 11 jóias, e o Corpo de Bombeiros promete dar o mesmo tratamento a elas, às famílias, que ainda aguardam por um alento e buscam completar o ciclo, um velório digno", afirmou.
Coordenadora nacional do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), Sônia Mara Marinho falou sobre como as pessoas e os órgãos têm lidado com a tragédia. Entretanto, ela alerta que ainda não é possível descansar.
"Não falamos nem de um ano, mas sim de quatro anos de Mariana. A gente vem fazendo uma jornada desde que rompeu Mariana, essa mineração predatória que acontece em Minas Gerais. Somos otimistas no processo da participação dos atingidos, em dialogar sobre um projeto de desenvolvimento para o estado uma mineração mais branda, mudar isso de tirar o minério sem pensar nas pessoas. Mas ainda há a chance de outras barragens se romperem, em Barão de Cocais, Congonhas, Macacos. Não dá para ser otimista, mas seguimos na luta por mais humanidade", explicou.
O ato acontece pouco menos de se completar um ano da tragédia. No início da tarde de 25 de janeiro de 2019, a Barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, na Região Metropolitana de BH, rompeu-se. A tragédia matou 261 pessoas, deixou outras 11 desaparecidas e arrasou a cidade.
Punição como exemplo
Agostinho Patrus também comentou sobre uma denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentada na última terça-feira à Justiça. Ao todo, 16 pessoas, entre elas o ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, foram indiciados por homicídios dolosos duplamente qualificados e por diversos crimes ambientais, como destruição de matas, poluição de rios e devastação da fauna. As empresas Vale S. A. e a Tüv Süd Bureau de Projetos e Consultoria Ltda. também foram denunciadas pelos mesmos crimes ambientais.
“O que a gente sente e o que quero trazer para as famílias, as vítimas disso tudo, é que nós sabemos que a punição das pessoas não trazem de volta aqueles que perderam suas vidas. Mas ela é fundamental, não só para servir de exemplo a aqueles empreendedores que pensam em desrespeitar a legislação, que pensam em não tomar o cuidado necessário com a vida das pessoas. Esses exemplos também são importantes. Agora, é ver como o Judiciário vai conduzir”, completou o parlamentar.