O procurador-geral da República, Augusto Aras, decidiu nesta quinta-feira, 23, fazer mudanças no grupo de trabalho que atua nos casos da Operação Lava-Jato junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). O coordenador do grupo, subprocurador José Adonis Callou de Araújo Sá, pediu o desligamento do cargo e será substituído pela subprocuradora Lindora Maria Araújo, que já atua em ações penais no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Lindora é vista pelos colegas como um nome associado ao bolsonarismo.
Aras também reforçou o grupo com os procuradores regionais da República Raquel Branquinho e Vladimir Aras, ex-auxiliares de Raquel Dodge e Rodrigo Janot, respectivamente. O anúncio dos nomes foi feito nesta tarde pela assessoria da Procuradoria-Geral da República (PGR).
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Heleno defende Bolsonaro de críticas por avaliar tirar Segurança Pública de MoroExecutivo nem sempre consegue o que quer, diz Mourão sobre recriar ministérioNo Facebook, Bolsonaro diz que Regina Duarte está com 'gás e vontade'O pedido de Adonis para sair da equipe não surpreendeu fontes da PGR ouvidas pela reportagem, mas o episódio representa um desgaste interno da gestão de Aras.
Em outubro de 2019, o procurador-geral da República escolheu os sete membros do Ministério Público Federal para compor o grupo de trabalho da Operação Lava-Jato. Entre as atribuições do grupo, que atua em casos da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), estão participar de depoimentos, audiências, solicitar informações e documentos para embasar as investigações e participar das tratativas para celebração de acordos de colaboração premiada.
Segundo apurou a reportagem, Adonis quis deixar Aras à vontade para fazer ajustes na equipe. Um integrante do MPF avalia que não há a independência prometida à equipe na análise dos casos da Lav-Jato. Procuradores ouvidos pela reportagem apontam que Aras é centralizador e "bem liberal" na análise de alguns processos.
Em parecer encaminhado ao STF no final do ano passado, Adonis defendeu a atuação dos procuradores da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba em processos que investigam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Histórico
Esta não é a primeira vez que o grupo de trabalho da Lava-Jato na PGR sofre baixas.
Em setembro do ano passado, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, sofreu a maior baixa de sua gestão com a entrega coletiva de cargos entre os procuradores que investigam os casos da Lava-Jato. Até o braço-direito de Raquel Dodge na área criminal, Raquel Branquinho, deixou o posto - Branquinho retorna agora ao grupo.
A equipe pediu à época o desligamento sob a alegação de "incompatibilidade" com o entendimento de Raquel Dodge. No centro da polêmica estava a delação premiada do executivo Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS.
Ao encaminhar o acordo para o STF, Raquel pediu o arquivamento de parte da delação que trazia implicações ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e um dos irmãos do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, o que contrariou o grupo.