Protagonista da mais recente crise política no governo, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ganhou uma sobrevida no cargo. Interlocutores do presidente Jair Bolsonaro afirmam que a intenção é mantê-lo no posto por enquanto, apesar de ter suas funções esvaziadas e de pressões no Palácio do Planalto e na Esplanada para que seja demitido. A permanência de Onyx é avaliada por aliados como importante porque o ministro é hoje um dos poucos nomes no governo com boas relações no Congresso, após conseguir aparar arestas com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e ser muito próximo do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
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Fotos da Presidência mostram suplemento proibido na mesa de BolsonaroDeclaração sobre Glenn 'pegar cana' foi 'discurso político', diz Bolsonaro ao STFBolsonaro encerra entrevista ao ser questionado sobre encontro com OnyxBolsonaro se reúne com ministros para decidir destino de OnyxBolsonaro afirma que fábrica israelense que extrai água do ar chegará ao Brasil'Não estou em busca de poder, tenho fome de servir', diz OnyxO ministro antecipou o fim das suas férias e retornou ontem dos Estados Unidos. O motivo da volta foi a crise política que levou à demissão de Vicente Santini, ex-secretário executivo da pasta, por uso de avião da Força Aérea Brasileira (FAB), e a perda do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que cuida de privatizações de estatais e concessões, uma das vitrines do governo.
O programa havia migrado para a Casa Civil como uma espécie de "prêmio de consolação" após Onyx perder a articulação política do Planalto, no meio do ano passado. Agora, foi transferido para o Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes. Sem o PPI e sem a articulação política, Bolsonaro deixou a Casa Civil esvaziada.
O enfraquecimento ocorre após o comportamento de Onyx incomodar não apenas o presidente, mas colegas de Esplanada, que o acusam de fazer a velha política, ao usá-los para atender a demandas do baixo clero do Congresso, e de ter indicado para o governo nomes que viraram dor de cabeça para seu chefe, como o ministro da Educação, Abraham Weintraub.
Segundo interlocutores, Bolsonaro, porém, reconhece que Onyx é um aliado fiel, que o acompanha desde quando seu projeto presidencial era embrionário, e não pretende abandoná-lo por enquanto.
Reunião
Após desembarcar pela manhã, Onyx participou de reunião convocada por Bolsonaro no Palácio da Alvorada para tratar da epidemia de coronavírus. Segundo apurou O Estado de S. Paulo, a crise envolvendo a Casa Civil não foi abordada. A questão deve ser tratada em uma reunião só com os dois hoje.
No encontro, ficou acertado que Onyx levará a mensagem presidencial ao Congresso na segunda-feira, na cerimônia que marcará o início do ano legislativo. O gesto foi interpretado por aliados de Bolsonaro como uma sinalização de que o ministro mantém algum prestígio.
Em conversa com jornalistas após a reunião, Bolsonaro se negou a falar sobre Onyx. "Já que deturpou a conversa, acabou a entrevista", disse ele ao ser questionado sobre o tema.
Ao G1, Onyx afirmou que "ninguém está cogitando qualquer tipo de saída".
Antes do encontro no Alvorada, Onyx passou o dia percorrendo gabinetes de ministros palacianos para angariar apoio à sua permanência. Ele se reuniu com Ramos, com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e com o titular da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira.
Também recebeu importantes manifestações públicas para ficar no cargo. Em evento no Rio, Maia disse considerar "ótimo" que Onyx fique no governo. "Se o presidente resolver mantê-lo, será uma decisão boa. Se exonerá-lo, é um problema do governo, nós não vamos pautar a nossa Casa porque o governo nomeia ou exonera algum funcionário", afirmou.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, também expôs seu apoio ao publicar nas redes sociais vídeo de Onyx ao lado do escritor Olavo de Carvalho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.