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Estado de Minas

Guedes pede desculpas por declaração polêmica


postado em 11/02/2020 04:00 / atualizado em 10/02/2020 23:00

''Eu não falava das pessoas, mas sim de casos extremos em que estados e municípios gastam toda a sua receita com salários elevados, de modo que nada sobrava para educação, saúde, segurança e saneamento%u201D - Paulo Guedes, ministro da Economia (ao se desculpar por ter comparado servidores a parasitas) (foto: Tomaz Silva/Agência Brasil - 1/11/19)
''Eu não falava das pessoas, mas sim de casos extremos em que estados e municípios gastam toda a sua receita com salários elevados, de modo que nada sobrava para educação, saúde, segurança e saneamento%u201D - Paulo Guedes, ministro da Economia (ao se desculpar por ter comparado servidores a parasitas) (foto: Tomaz Silva/Agência Brasil - 1/11/19)
Brasília – O ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu desculpas aos servidores públicos brasileiros após declaração polêmica na sexta feira e afirmou que seu objetivo “jamais foi ofender as pessoas que cumprem seus deveres”. “Me expressei mal e peço desculpas não só aos meus queridos familiares e amigos, mas a todos os exemplares funcionários públicos a quem eu possa descuidadamente ter ofendido”, disse Guedes ontem em entrevista à agência de notícias Reuters.

O ministro ressaltou que sua avaliação sobre os ganhos e privilégios do funcionalismo público brasileiro feita durante palestra na FGV – quando usou a expressão “parasita” – tinha como foco governos estaduais e municipais, e não os servidores públicos. “Eu não falava das pessoas, mas sim de casos extremos em que estados e municípios gastam toda a sua receita com salários elevados, de modo que nada sobrava para educação, saúde, segurança e saneamento”, disse ele.

Na sexta feira, ao falar sobre privilégios do funcionalismo, o ministro afirmou que “o hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita, o dinheiro não chega no povo e ele quer aumento automático. A população não quer isso”. As declarações geraram manifestações contrárias de entidades que representam categorias do funcionalismo e, no fim da tarde de sexta, o ministério divulgou nota afirmando que a fala de Guedes havia sido tirada de contexto.

A polêmica acontece em momento em que o governo finaliza projeto de reforma administrativa em que proporá mudanças nas regras de reajustes salariais e de promoções para novos servidores. O texto, segundo afirmou Guedes, será enviado à Câmara nesta semana. “Se o Estado existe para si próprio, então é como um parasita. O Estado perdulário maior que o hospedeiro, a sociedade”, afirmou Guedes ontem. “Eu não falava de pessoas, e sim do risco de termos um Estado parasitário, aparelhado politicamente e financeiramente inviável. O erro é sistêmico, e não é culpa das pessoas que cumprem seus deveres profissionais, como é o caso da enorme maioria dos servidores públicos”, acrescentou.

SERVIDORES 
NÃO perdoam

O ministro Paulo Guedes tentou reduzir o estrago das suas declarações de que os servidores são “parasitas” e disse que se expressou mal. O mea-culpa dele, porém, não aplacou a revolta da categoria nem freou os pedidos oficiais de explicação. O deputado Professor Israel Batista (PV-DF), coordenador da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público, protocolou requerimento convocando Guedes para prestar esclarecimentos. Segundo ele, “os servidores públicos jamais poderiam ser comparados a parasitas, muito menos associados a uma eventual morte do Estado”.

Já o Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) acionou a Comissão de Ética da Presidência da República. Por sua vez, o Sindicato Nacional dos Servidores Administrativos do Ministério da Economia (SindiFazenda), que assessoram Guedes no dia a dia, questionou se o ministro considera parasitas não somente eles, mas a Policial Federal, que combate traficante; pesquisadores da Fundação Osvaldo Cruz, que desenvolvem medicamentos; médico, que atende a população carente em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS); o professor, que educa, entre outros. “Então, para o senhor, o que são os senadores e deputados que trabalham apenas três dias da semana? São anjos?”, assinala.

“É profundamente lamentável que alguém que se diz tão preparado para comandar um 'superministério' demonstre tanto desconhecimento”, destaca o Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc), por meio de nota.

A Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco) afirma que o pedido de desculpa não apaga a “conduta desrespeitosa”. “O ministro Paulo Guedes é irresponsável ao se utilizar do cargo e da visibilidade de sua imagem para tentar convencer os brasileiros de um discurso que banaliza os direitos dos servidores públicos”, ressalta. A Associação dos Servidores da Advocacia-Geral da União destaca que “não será com bravatas que a famigerada 'reforma administrativa' vai resolver questões graves do funcionalismo público, como as disparidades existentes”.

AUMENTO REAL Outra declaração que causou controvérsia foi a de que, nos últimos 15 anos, os servidores federais tiveram aumento real (acima da inflação) de salários acima de 50%. As entidades desafiaram o ministro a provar quais foram essas categorias. O Corrosômetro, ferramenta do Sindicato dos Funcionários do Banco Central (Sinal) que mede a defasagem remuneratória, de julho de 2010 a janeiro de 2020, aponta perdas de 15,4% no período.

Mauro Silva, presidente da Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita (Unafisco) minimizou o pedido de desculpas de Guedes. “Somente se desculpou porque pegou mal. Ao perceber que sua capacidade de negocia ficou prejudicada, tentou diminuir as perdas políticas. Não houve sinceridade”, criticou.


 



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