Jornal Estado de Minas

CAOS URBANO

SP tem maior temporal em fevereiro desde 1983

A cidade de São Paulo registrou entre domingo e ontem volume de chuva superior a 114mm, quantidade abaixo do índice pluviométrico registrado em Belo Horizonte, em 24 de janeiro, quando foram constatados 171,8mm em 24 horas. A tempestade foi a terceira maior da história da capital mineira. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) a quantidade de chuva que atingiu a capital paulista representou o segundo maior volume no mês de fevereiro dos últimos 77 anos. Já na capital mineira, o volume ultrapassou a marca histórica de 14 de fevereiro de 1978, quando choveu 164,2mm. A morte de um caminhoneiro foi registrada em Botucatu, no interior do estado.



O temporal que atingiu a capital paulista na madrugada do último domingo, elevou o volume de chuva dos 10 primeiros dias de fevereiro a 208 milímetros, o equivalente a 96% da previsão para todo o mês (216,7mm). Foi a pior chuva na cidade para o mês de fevereiro desde 1983, de acordo com dados do Inmet. Como resultado, foram 132 pontos de alagamentos na grande São Paulo. As marginais Pinheiros e Tietê foram interditadas em alguns pontos atingidos. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) suspendeu o rodízio de carros para veículos leves e caminhões, mas manteve a restrição para circulação de caminhões e fretados nas zonas em que já são impedidos de circular.

De acordo com a Prefeitura de São Paulo, o temporal acumulou, entre as 7h e as 13h de segunda-feira, 88,7mm em média na capital, equivalente a 40% do esperado para todo o mês. Vila Mariana (132,7mm), na Zona Sul, e Lapa (132,7mm), na Zona Oeste, foram os bairros mais atingidos pela chuva. Na região central, o Bairro Consolação foi o que apresentou maior índice pluviométrico, com 126 mm.

Os bombeiros registraram 857 acionamentos por enchentes, 134 quedas de árvores e 151 desabamentos. Em Osasco, um menino de 8 anos foi soterrado, mas resgatado vivo. Em Taboão da Serra, a Defesa Civil informou que cerca de 500 pessoas foram desalojadas por causa da enchente no Centro da cidade. Na cidade de Botucatu, bombeiros localizaram o corpo de um motorista e o caminhão que foram arrastados pela enxurrada após um trecho da Rodovia Marechal Rondon, no Km 258, desmoronar.



Em Belo Horizonte, a média climatológica de fevereiro, até o momento, é de 181,4mm de chuva. A região Oeste é a que apontou o maior crescimento no volume de chuvas previsto para o período (128,1%), registrando 232,4mm. As regiões Centro-Sul (122,9%) e Noroeste (112%) tiveram chuvas de 223mm e 203,2mm, respectivamente. Janeiro foi o mês mais chuvoso de todos os tempos na capital. De acordo com o Inmet, foram 935,2 milímetros de precipitação, o que representa mais da metade da média esperada para todo o ano de 2020 (1.602,6 milímetros). O número supera os 850,3mm constatados em janeiro de 1985, maior média mensal até então.

Segundo o último balanço divulgado ontem pela Defesa Civil, Minas Gerais tem confirmada 59 mortes em decorrência das chuvas, sendo 13 delas em Belo Horizonte, 26.299 pessoas desalojados, 7.581 desabrigadas e 68 feridas, totalizando 34.007 pessoas atingidas pelos temporais.

Em São Paulo, a tempestade ultrapassou o recorde do nível de água do Rio Pinheiros, marcando 719.6mm. Este é o maior valor já registrado desde 2005, quando o rio chegou a 718.9mm, de acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente. O órgão afirma que, apenas nesta madrugada, choveu 66% do total esperado para todo o mês de fevereiro.



Um vídeo divulgado pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), junto com secretários, afirmou que o comitê de crise está trabalhando para diminuir os estragos. "Para se ter noção, em três horas na cidade, em algumas regiões, choveu praticamente metade do esperado para todo mês de fevereiro", disse. "O desastre teria sido muito maior se não tivesse sido o trabalho preventivo que a prefeitura fez ao longo dos últimos meses", disse Covas.

*Estagiário sob supervisão do  subeditor Paulo Nogueira