O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se reuniu na manhã desta quarta-feira (12) com parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária. Após o encontro, o deputado Alceu Moreira (MDB) afirmou que o chefe do Executivo pediu apoio para a aprovação no Congresso do projeto de lei que regulamenta a mineração e a geração de energia elétrica em terras indígenas. O texto foi assinado por Bolsonaro na última quarta-feira (5), durante a cerimônia de 400 anos de governo.
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Moreira disse ainda que a resistência ao tema no Congresso é “natural” e que buscará costurar maioria de votos nas lideranças da Casa. “Não acredito que as pessoas mudem de opinião com relação a isso ou aquilo do dia para a noite. A Câmara e o Senado não são causas de consenso. A gente constrói o consenso sempre que possível, mas o dissenso é o voto. A gente vai para o voto, a gente não tem que cumprir caprichos e vontades de quem quer que seja. Lugar ruim para fazer reinado é no Parlamento. Lá não tem como. Então, nós precisamos é despertar o que nós queremos pela grande maioria das lideranças, fazer a maior celeridade possível e ir a voto. O parlamento não decide pela vontade de um ou de dois, decide pela vontade da maioria”, emendou.
O deputado também falou sobre a importância do Conselho da Amazônia. Nessa terça-feira(11), Bolsonaro assinou o decreto que dispõe sobre a transferência do Conselho Nacional da Amazônia Legal do Ministério do Meio Ambiente para a vice-presidência da República, sob comando de Hamilton Mourão (PRTB).
“Continuamos com declarações de todas as partes do mundo em relação a Amazônia e não podemos fazer isso com raiva, com voluntarismo, precisamos centrar isso no vice-presidente, ter linguagem única com relação ao processo, mas demonstrar claramente políticas públicas que faça regularização fundiária, que faça preservação, que não permita o desmatamento ilegal, que não permita a mineração ilegal, não permita a devastação. Precisamos demonstrar isso para o mundo e faremos, faremos com inteligência”.
Sobre as pautas da bancada ruralista que não tiveram andamento em 2019, Moreira respondeu:
“O presidente tem vontade de fazer , mas temos outros setores, como MP e Judiciário, com outras relações de poder e ângulos de visão distintos”, justificou. “Se fizer um decreto e ele atender de maneira voluntarista o que nos interessa, ele pode cair no primeiro recurso, então é preciso fazer de maneira amadurecida”.
O café da manhã com a bancada ruralista acontece no momento em que líderes do setor defendem mais celeridade em pautas do agro, como o perdão de dívidas do Funrural. Outro tema que teve o texto-base aprovado ontem (11) é a MP 897 (MP do Agro). Ela perde a validade em março e prevê a criação de fundos de garantia para empréstimos rurais e traz mudanças relacionadas ao crédito rural.
Também participaram do encontro, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni e o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.