Brasília – O presidente Jair Bolsonaro deu posse ao general Walter Souza Braga Netto na chefia da Casa Civil, na tarde de ontem. A solenidade também marcou a posse de Onyx Lorenzoni no Ministério da Cidadania, em substituição a Osmar Terra, que reassumiu seu mandato de deputado federal pelo Rio Grande do Sul. Em seu discurso, dirigindo-se diretamente a Braga Netto, o presidente reafirmou que a principal missão do novo ministro será a coordenação das demais pastas e programas do governo. Ele também elogiou o trabalho do general à frente do Estado Maior do Exército.
"O senhor acaba de deixar a chefia do Estado-Maior do Exército, uma missão difícil, e só quem tem liderança pode exercê-la. Agora, o senhor ocupa a chefia da Casa Civil, semelhante à chefia do Estado-Maior do Exército. Coordenará e me auxiliará, e muito, no contato com os ministros e na solução dos problemas que vão se apresentar para nós", afirmou.
Aos 66 anos, Braga Netto é general do Exército e ocupou importantes funções militares. Em julho de 2016, foi nomeado Comandante Militar do Leste, um dos oito comandos nacionais do Exército, com sede no Rio de Janeiro. Em 2018, ficou nacionalmente conhecido após ser nomeado, pelo então presidente Michel Temer, como interventor federal na segurança pública do estado do Rio de Janeiro, cargo que exerceu até o final do mesmo ano, durante a vigência da intervenção. "Espero corresponder aos anseios do senhor e da nação brasileira. Não me faltarão empenho, dedicação, lealdade e abnegação de contribuir para o crescimento do país", afirmou Braga Netto, em breve discurso.
No Ministério da Cidadania, Onyx Lorenzoni vai comandar as principais políticas sociais do governo federal, incluindo o programa Bolsa Família, que está em processo de reformulação pela atual gestão. Em seu discurso de posse, o ministro disse que pretende seguir o trabalho do antecessor e buscar a redução das desigualdades. "Parto para um novo desafio, uma nova missão. Seguir o trabalho iniciado por Osmar Terra, com amor pelo seu semelhante, na luta incansável para a redução das desigualdades e da atenção àqueles que realmente precisam. No time Bolsonaro, a gente pode trocar de número, mas a camiseta é sempre a mesma, apaixonadamente verde e amarela", afirmou.
'CONFIANÇA' Jair Bolsonaro ainda disse, durante a solenidade, que as autoridades de todos os poderes devem buscar o entendimento para solucionar os problemas do país e que o mundo está voltando a confiar no Brasil. "Como sempre digo, o Brasil tem tudo para ser um grande país. Prezados privilegiados, aqui presentes, ministros, autoridades do Legislativo, chefes do Judiciário, basta apenas o entendimento entre nós, basta apenas que conversemos cada vez mais e, na prática, venhamos a apresentar propostas que venham a colocar em lugar de destaque no mundo. Uma das coisas mais importantes que aconteceu, desde a chegada dos senhores ao governo, foi a recuperação da confiança que o mundo não tinha conosco".
De volta à Câmara dos Deputados, Osmar Terra agradeceu a Bolsonaro e prometeu continuar auxiliando o governo no Poder Legislativo. "Vou continuar trabalhando ao seu lado, onde eu estiver. Sou um soldado para que esse país mude. O senhor [Bolsonaro] representa a única oportunidade de fazer com que esse país mude", afirmou.
Guedes fica até “o último dia”
Brasília – O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi defendido ontem pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, que minimizou frases polêmicas ditas por ele nas últimas semanas. Para Bolsonaro, frases de Guedes que repercutiram negativamente não passam de "deslizes" do ministro. "Se Paulo Guedes tem alguns problemas pontuais e sofre ataques, é muito mais pela sua competência do que por possíveis deslizes, que eu também já cometi muito no passado. O Paulo não pediu para sair, tenho certeza que de que ele vai continuar conosco até o último dia. Ele não é militar, mas foi um jovem aluno do Colégio Militar de Belo Horizonte", afirmou Bolsonaro.
Na semana passada, Guedes destacava a mudança estrutural do patamar do câmbio no Brasil quando afirmou que a moeda americana mais barata estava prejudicando as exportações e permitindo que "todo mundo", inclusive "empregadas domésticas" pudessem ir para a Disneylândia. Uma semana antes, Guedes havia comparado os servidores públicos a "parasitas", o que o levou a fazer sucessivos pedidos de desculpas e a esclarecer que desejava chamar o "Estado" de parasita.
Guedes está para enviar a proposta de reforma administrativa para o Congresso, mas suas declarações causaram polêmica entre parlamentares. Alguns inclusive querem que ele saia da articulação da proposta no Legislativo.