O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, afirmou nesta quarta-feira que a divulgação de sua fala sobre a atuação do Congresso é uma “invasão de privacidade”. Na manhã desta quarta-feira, o militar disse que o Executivo não pode aceitar a “chantagem” do Parlamento e propôs que o governo desse um “foda-se” para os congressistas.
“Ressalto que a opinião é de minha inteira responsabilidade e não fruto de qualquer conversa anterior, seja com o senhor presidente da República, com o mininstro Paulo Guedes, com o ministro Ramos, ou com qualquer outro ministro”, afirmou.
A fala do ministro captada em transmissão na terça-feira (18) ao vivo, via internet, pelo perfil do presidente Jair Bolsonaro em uma rede social. A transmissão mostrava o evento de hasteamento da bandeira em frente ao Palácio da Alvorada. Heleno estava conversando com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. No diálogo, Heleno diz que o governo não pode “aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo”.
Nesta quarta-feira, pelo Twitter, ele afirmou que apenas demonstrou insatisfação com o orçamento impositivo (medida que tem sido defendida pelos parlamentares).
“Externei minha visão sobre as insaciáveis reivindicações de alguns parlamentares por fatias do orçamento impositivo, o que reduz, substancialmente, o orçamento do Poder Executivo e de seus respectivos ministérios.”
Para o ministro, os pedidos feitos pelos parlamentares “prejudicam a atuação do Executivo e contrariam os preceitos de um regime presidencialista”. Heleno diz que “se desejam o parlamentarismo, mudem a constituição. Sendo assim, não falarei mais sobre o assunto”.
Maia: 'Ministro de transformou em radical ideológico'
Ao chegar na Câmara de manhã, Rodrigo Maia rebateu o comentário de Heleno. “Uma pena que um ministro com tantos títulos tenha se transformado num radical ideológico contra a democracia”, comentou. “Geralmente, na vida, quando a gente vai ficando mais velho, a gente vai ganhando equilíbrio, experiência e paciência. O ministro, pelo jeito, está ficando mais velho –e está falando como um jovem, um estudante”.
O presidente da Câmara relembrou ainda que o Congresso já votou um aumento de salário para as Forças Armadas: “Não vi por parte dele nenhum ataque ao Parlamento quando a gente estava votando o aumento do salário dele, como militar da reserva. Eu quero saber dele se ele acha que o Parlamento foi chantageado por ele ou por alguém para votar, ou chantageou alguém, para votar o projeto de lei das Forças Armadas […] Talvez ele tivesse melhor num gabinete de rede social, tuitando, agredindo, como muitos fazem… Como ele tem feito ao Parlamento nos últimos meses. Não é a primeira vez que ele ataca, só que dessa vez veio a público.”
Maia disse ainda que se a Câmara quisesse “apenas deixar as pautas correrem soltas”, “o governo não ganhava nada”.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.