A decisão do governador Romeu Zema (Novo) de conceder aumento parcial de 13% aos trabalhadores da segurança pública – menor do que os 41,7% que estavam no projeto de lei – e vetar o reajuste às demais carreiras desagradou os servidores, mas recebeu elogios do setor empresarial. Nesta quinta-feira, em entrevista ao Estado de Minas, o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, disse que a decisão de Zema foi “acertada” e “corajosa”. Segundo Roscoe, a Federação defendia o veto do reajuste a todos os servidores, mas o posicionamento de Zema foi inteligente do ponto de vista político.
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Governo publica reajuste da Segurança Pública e justifica vetos: 'incerteza da economia'Vice-Governador de Minas anuncia saída do Partido NovoSanção parcial de reajuste salarial da segurança pública desagrada governistas da ALMGApós desgaste com o Novo, vice-governador de Minas deixa o partidoSanção parcial de reajuste para segurança em Minas repercute mal na categoria Secretário de Governo pede demissão do cargo Rodrigo Pacheco defende manifesto que se contrapõe à nota da FiemgO projeto de lei original, proposto pelo próprio Executivo, previa um aumento de 41,7% aos servidores da segurança pública, escalonado até 2022. A esse projeto, foi apresentada uma emenda, de autoria da deputada Beatriz Cerqueira (PT), que propunha reajustes a outras 12 categorias do funcionalismo. Zema, além de rechaçar o aumento aos demais servidores, recuou na ideia inicial e concedeu um reajuste apenas parcial – 13% – aos trabalhadores da segurança.
O veto de Zema ainda vai ser submetido ao crivo da Assembleia e pode ser derrubado pelos deputados. A possibilidade de queda do veto preocupa o presidente da Fiemg, que afirma que o estado não teria condições de bancar os reajustes.
O veto de Zema ainda vai ser submetido ao crivo da Assembleia e pode ser derrubado pelos deputados. A possibilidade de queda do veto preocupa o presidente da Fiemg, que afirma que o estado não teria condições de bancar os reajustes.
“Existe o risco de derrubada do veto. Isso faz parte do instrumento democrático. Isso me preocupa, porque o Estado não tem condições de arcar. A derrubada do veto para as outras carreiras é uma coisa inócua, porque existe um vício de constitucionalidade no processo. A Assembleia não poderia ter incluído as outras carreiras no aumento. Para a segurança pública pode virar uma realidade de fato. Conforme a gente já colocou, o governo errou em ter proposto um reajuste dessa magnitude. Agora vem corrigindo o erro, com o veto parcial. Espero que a Assembleia também venha corrigir esse erro e mantenha o veto”, disse Flávio Roscoe.
Desejo de veto total
Flávio Roscoe reafirmou que o desejo da classe industrial era de que nenhum reajuste fosse concedido, alegando falta de recursos do estado para custear a reposição das perdas salariais. Segundo ele, as forças de segurança devem se contentar com a conquista parcial.
“O segmento da segurança pode ter recebido um aumento menor do que esperava, mas recebeu um aumento. No atual cenário, já é muito. E não é um aumento pequeno, de 13%. Com as outras categorias, o governo deve começar um diálogo. Com todos. Demonstrando as condições de momento. Lembrando que ele colocou em dia os salários, está reduzindo os atrasos. Na prática, não adianta ter aumento, se você não vai receber o dinheiro? Essa é a realidade”, disse.
“O segmento da segurança pode ter recebido um aumento menor do que esperava, mas recebeu um aumento. No atual cenário, já é muito. E não é um aumento pequeno, de 13%. Com as outras categorias, o governo deve começar um diálogo. Com todos. Demonstrando as condições de momento. Lembrando que ele colocou em dia os salários, está reduzindo os atrasos. Na prática, não adianta ter aumento, se você não vai receber o dinheiro? Essa é a realidade”, disse.
Hora de diálogo
Uma das críticas de membros Assembleia Legislativa ao governo Zema é a falta de articulação política com a casa. A decisão do governador, inclusive, acarretou o pedido de demissão de seu secretário de Governo, Olavo Bilac Pinto – que havia se comprometido com lideranças da ALMG que Zema concederia o aumento de 41,7% à segurança pública – e a saída de Paulo Brant, vice-governador, do partido Novo.
O presidente da FIEMG defende que o diálogo entre os poderes deve ser priorizado, sobretudo neste momento de crise política. “Acho que o governo deve aproveitar essa crise para estreitar o relacionamento com a Assembleia e com os outros poderes do estado. Se for bem conduzido, é uma boa oportunidade de aumentar a interlocução. Toda crise é também uma oportunidade. É a oportunidade de melhorar esse relacionamento entre Assembleia e governo, e também com os outros poderes”, finalizou Flávio Roscoe.