O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), desconvocou apoiadores a comparecerem às manifestações que estavam agendadas para o domingo. A divulgação do movimento citava ataques morais ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF). O principal motivo para a desmobilização, segundo o chefe do Governo Federal, é o avanço do coronavírus no Brasil.
“O que nós devemos fazer agora é evitar que haja uma explosão de pessoas infectadas, porque os hospitais não dariam vazão a atender os pacientes. Se o governo não tomar providências sobe, e depois de um certo limite, o sistema não suporta. Pode morrer pessoas por outros motivos, vão dizer que é o coronavírus. Como presidente da República, tenho que tomar alguma posição. Se bem que o movimento não é meu, é espontâneo e popular. Uma das ideias é adiar, suspender, adiar, e daqui um mês, dois, fazer a manifestação. Já foi dado um tremendo recado ao Parlamento. Principalmente em relação a aquelas emendas de relatores, se vai ter autonomia para movimentar em média R$ 15 bilhões ou não. O recado foi dado”, disse, durante live no Facebook, realizada nesta quinta-feira.
Após desdenhar publicamente da doença, Bolsonaro realizou nesta quinta-feira um teste para o coronavírus. O resultado sairá nesta sexta-feira. O receio dos médicos é que o presidente possa ser assintomático. Até a conclusão do exame, a recomendação é que ele permaneça no Palácio do Alvorada, em Brasília. O exame foi solicitado após o secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, testar positivo para a doença. Ele viajou com o presidente aos Estados Unidos e esteve boa parte do tempo ao seu lado.
Bolsonaro tem falado nas manifestações de domingo com frequência nos últimos dias, ao contrário da maneira como levava o coronavírus. Na última terça-feira, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República divulgou uma fala do presidente sobre a mobilização, no qual nega ataques a outros poderes.
“As manifestações do dia 15 de março não são contra o Congresso, nem contra o Judiciário. São a favor do Brasil”, diz a arte divulgada pelo secretaria governamental.
Bolsonaro também havia chamado, por WhatsApp, aliados para participarem do ato. O fato, tratado como assunto pessoal pelo presidente, resultou em uma semana de crise entre Legislativo e Executivo.
Live de máscara
Bolsonaro fez a transmissão semanal ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Ambos estavam com máscara protetora. Além do teor educacional à população, o presidente disse que o aparato foi utilizado pois tiveram contato recente com o membro do Governo Federal que testou positivo ao coronavírus.
“Estou usando máscara porque, nessa recente viagem aos Estados Unidos, uma das pessoas que veio comigo no voo, quando desceu em São Paulo, foi fazer os exames e deu positivo ao coronavírus. Todo mundo no voo, hoje, coletou material, ainda não deu resultado, mas nas próximas horas deve ter o resultado do meu e de mais algumas pessoas que estiveram comigo”, disse.
Coronavírus no Brasil
O Ministério da Saúde atualizou na tarde desta quinta-feira o número de casos de coronavírus no Brasil. As confirmações chegam a 77. Com 42, São Paulo tem o maior número de infectados. Depois, aparecem Rio de Janeiro (16), Paraná (6), Rio Grande do Sul (4), Bahia (2), Pernambuco (2), Distrito Federal (2), Minas Gerais (1), Espírito Santo (1) e Alagoas (1). No boletim anterior, no fim desta manhã, constavam 60 confirmados. De acordo com a mais recente atualização, são 1.422 casos suspeitos, a maioria deles (704) em solo paulista.