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Estado de Minas POLÍTICA

Apoiadores ignoram pedido de Bolsonaro e se manifestam na Praça da Liberdade, em BH

Presidente da República disse que seria prudente adiar o ato por causa do avanço do coronavírus no Brasil


postado em 15/03/2020 11:29 / atualizado em 15/03/2020 15:15

Em BH, milhares de pessoas participaram das manifestações deste domingo(foto: Edésio Ferreira/EM/D. A. Press)
Em BH, milhares de pessoas participaram das manifestações deste domingo (foto: Edésio Ferreira/EM/D. A. Press)
Mesmo após desconvocação de Jair Bolsonaro (sem partido), apoiadores do presidente da República se reúnem em um autodenominado movimento nacional pró-governo, na manhã deste domingo em todo Brasil. Em Belo Horizonte, a mobilização é realizada na Praça da Liberdade, Região Centro-Sul da capital mineira. Milhares de pessoas empunham cartazes e gritam atacando Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF). O chefe do Governo Federal desconvocou a mobilização, na última quinta-feira, por conta do avanço do coronavírus no Brasil.


Ver galeria . 11 Fotos Movimento pró-Bolsonaro atacou STF, Congresso Nacional e chegou a pedir intervenção militarMatheus Muratori/EM/D. A. Press
Movimento pró-Bolsonaro atacou STF, Congresso Nacional e chegou a pedir intervenção militar (foto: Matheus Muratori/EM/D. A. Press )
Faixas e gritos contra Rodrigo Maia, Dias Toffoli e Rodrigo Maia, presidentes de Câmara dos Deputados, STF e Senado Federal, são ouvidos. Além disso, músicas do Exército Brasileiro são tocadas para os manifestantes, alguns com máscaras de proteção. A intervenção militar também é requisitada no evento. Por diversos momentos, a reportagem do Estado de Minas foi coagida por alguns membros do movimento.

 

O tom dos manifestantes é o mesmo adotado por apoiadores depois da desconvocação do governo. Algumas mensagens com as #DesculpaJairMasEuVou e #DesculpaJairMasEuVouDia15 foram publicadas nas redes sociais e são refletidas no ato.

 

Uma das manifestantes em verde e amarelo, a professora aposentada Maria de Fátima de Lucca, de 65 anos, levou uma faixa contra STF e Congresso. Ela comenta que está na manifestação contra as medidas de retaliação ao governo.

 

"Chegou a hora de enfrentar, somos muito enganados. Olha quem está lá, Maia, Alcolumbre, Toffoli, Gilmar Mendes, fora! Fora da nossa nação, são bandidos terroristas que vieram assolar a nação ainda mais. Somos Bolsonaro sempre, pelos ideais, caráter, estamos isso aqui hoje, e nada pode nos parar", disse à reportagem.

 

Também aposentada, Ilda Ranieri, de 65 anos, estava no local e destacou a importância do movimento deste domingo para ela. "Queremos mostrar aos poderes que o Brasil não está parado, que o brasileiro está cada dia mais consciente do que precisa. Mesmo com o vírus estamos aqui mostrando que somos brasileiros, verde e amarelo, e peço ao povo para irem às escolas, estudar, ser mais conscientes. Só vamos vencer isso com conhecimento". 

 

Um dos movimentos direitistas de Minas Gerais, o Direita Minas seguiu a recomendação de Bolsonaro. “Por orientação do presidente Jair Bolsonaro, em respeito à sua posição, não participaremos da organização das manifestações do dia 15. Agradecemos a compreensão de todos”, diz a nota.

Desconvocação de Bolsonaro

 Na noite da última quinta-feira, em pronunciamento oficial veiculado no rádio e na TV, Bolsonaro pediu aos apoiadores que repensassem a ida às manifestações previstas para este domingo. Pouco antes, durante transmissão ao vivo semanal que faz pelo Facebook, o presidente foi mais direto e sugeriu o adiamento dos protestos.
 
Após ter dito na última terça-feira que a “questão do coronavírus” não era “isso tudo” e que se tratava muito mais de uma “fantasia” propagada pela mídia no mundo todo, Bolsonaro recuou. Devido ao contato recente com infectados, o presidente realizou exame na última semana que deu negativo para a doença. O presidente ainda não fez os novos testes de coronavírus, que estão programados para esta semana. 
 
“O que nós devemos fazer agora é evitar que haja uma explosão de pessoas infectadas, porque os hospitais não dariam vazão a atender os pacientes. Se o governo não tomar providências sobe, e depois de um certo limite, o sistema não suporta. Pode morrer pessoas por outros motivos, vão dizer que é o coronavírus. Como presidente da República, tenho que tomar alguma posição. Se bem que o movimento não é meu, é espontâneo e popular. Uma das ideias é adiar, suspender, adiar, e daqui um mês, dois, fazer a manifestação. Já foi dado um tremendo recado ao Parlamento. O recado foi dado”, disse Bolsonaro na rede social.

 

Apesar do recado dado na semana, Bolsonaro publicou diversos vídeos de manifestações ao redor do Brasil neste domingo. Uma das imagens divulgadas pelo presidente é o ato em BH.

 

 

Manifestação, em tese, pró-governo

Organizadores e o próprio Governo Federal dizem que a manifestação é em prol do Executivo nacional, e não contra o Legislativo e o Judiciário do país. Na última terça-feira, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República divulgou uma fala de Bolsonaro sobre a mobilização, no qual nega ataques a outros poderes.
 
“As manifestações do dia 15 de março não são contra o Congresso, nem contra o Judiciário. São a favor do Brasil”, diz o material. Porém, assim como na divulgação da manifestação pelas redes sociais, os ataques ao Congresso e ao STF são explícitos durante o ato.

Coronavírus no Brasil e em Minas

No mais recente balanço do Ministério da Saúde, disponibilizado na tarde desse sábado, o número de casos confirmados do coronavírus chegou a 121, com outros 1.496 suspeitos. Duas confirmações estão em Minas Gerais: uma em Divinópolis, e outra em Ipatinga.
 
A Secretaria de Estado de Saúde divulgou, também na tarde desse sábado, outros dois casos de coronavírus em Minas, ainda não contabilizados nas contas federais. Os pacientes moram nas cidades de Juiz de Fora e Patrocínio.


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