Apesar de o presidente Jair Bolsonaro ter recomendado o adiamento dos atos a favor do governo que estavam previstos para este domingo, 15, no Brasil, por causa da pandemia de coronavírus, manifestantes foram às ruas e capitais como Brasília, Rio de Janeiro, Belém e Belo Horizonte já registram mobilizações.
Leia Mais
Bolsonaro defende em live adiamento de atos, mas mantém críticas ao CongressoEm pronunciamento, Bolsonaro defende legitimidade de protestos, mas não anuncia ações de combate ao coronavírus Apoiadores ignoram pedido de Bolsonaro e se manifestam na Praça da Liberdade, em BHBolsonaro passa de carro ao lado de manifestação em Brasília e atende apoiadores em BrasíliaNo Rio de Janeiro, os manifestantes que ignoraram os pedidos para evitar aglomerações se reúnem num espaço de cerca de um quarteirão na praia de Copacabana. A maioria dos presentes são idosos, faixa etária mais suscetível às consequências do novo coronavírus.
Os poucos que usam máscaras aproveitaram a ocasião para personalizá-las. A versão mais vista é uma com os dizeres "Canalhas Vírus: Congresso Nacional". Os cartazes dos manifestantes têm como alvo o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). Um homem carrega um banner em que pede a destituição da Corte, a "limpeza total" do Parlamento e a instauração de um novo AI-5. Ele usa um boné dos Estados Unidos.
Já uma senhora próxima a ele levanta um cartaz de cartolina em que pede para o Exército assumir o País. Há no ato, inclusive, a réplica de um veículo militar no qual os manifestantes sobem para tirar fotos.
Contra o Congresso, um dos cartazes mais comuns no Rio tem o rosto do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, com "F*da-se" escrito.
Outro alvo nesta manhã no Rio é o governador Wilson Witzel, ex-aliado e hoje inimigo político de Bolsonaro. Do alto do carro de som, um representante do Movimento Brasil Conservador chamou Witzel de traidor e promoveu um "pisaço" numa bandeira com o rosto dele ao som da música tema do filme Tropa de Elite.
Por volta das 10h40, um morador de um prédio em frente ao ato pendurou na janela uma bandeira do PT. Os manifestantes viraram para o edifício, vaiaram e entoaram músicas contra o ex-presidente Lula e gritos de "Vai pra Cuba". A presença mais inusitada nesta manhã é a de um cavalo branco levado por um manifestante.
"Desculpa, Jair, mas eu vou"
Em pronunciamento oficial na quinta-feira, 12, em meio às suspeitas de que havia contraído o coronavírus, Bolsonaro sugeriu que as manifestações fossem adiadas. Apesar do pedido, apoiadores do presidente iniciaram nas redes sociais um movimento "Desculpa, Jair, mas eu vou", convocando a população para as manifestações pró-governo em meio ao risco de disseminação do coronavírus entre os participantes.
Segundo o último levantamento disponibilizado pelo Ministério da Saúde neste sábado, 14, o Brasil tem, neste momento, 121 casos confirmados de pessoas com coronavírus, e outros 1.496 casos suspeitos. São Paulo lidera o ranking com 65 casos confirmados.