O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) utilizou sua conta do Twitter na tarde desta quarta-feira (25) para divulgar que o tratamento da COVID-19 à base de Hidroxicloriquina e Azitromicina tem se mostrado eficaz nos pacientes contaminados. O chefe do Executivo nacional disse também que o teste de imunocromatografia (IgG/IgM) está chegando ao país. As declarações foram consideradas incorretas cientificamente por especialista ouvido pelo Estado de Minas.
“O tratamento da COVID-19 à base de Hidroxicloriquina e Azitromicina tem se mostrado eficaz nos pacientes ora em tratamento. Nos próximos dias, tais resultados poderão ser apresentados ao público, trazendo o necessário ambiente de tranquilidade e serenidade ao Brasil e ao mundo”, escreveu.
Bolsonaro afirmou ainda que as pessoas infectadas pelo novo coronavírus estariam “imunes” e que, depois de curadas, poderiam circular pelas ruas.
“Por outro lado, chega ao Brasil o teste de imunocromatografia (IgG/IgM), no qual o cidadão fica sabendo se já foi contaminado e curado. Esses imunizados poderiam circular livremente com mais tranquilidade, como, por exemplo, profissionais de saúde, segurança, transporte e etc”, finalizou.
Por outro lado, chega ao Brasil o teste de imunocromatografia (IgG/IgM), no qual o cidadão fica sabendo se já foi contaminado e curado. Esses imunizados poderiam circular livremente com mais tranquilidade, como, por exemplo, profissionais de saúde, segurança, transporte e etc...
%u2014 Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 25, 2020
Em conversa com o Estado de Minas, o infectologista Unaí Tupinambás disse que as afirmações de Bolsonaro estão equivocadas. “Essa fala do presidente é mais um desserviço que ele presta para saúde pública e ao combate da pandemia do coronavírus”, afirma.
Tupinambás explica que não há nenhuma comprovação de que a pessoa que já contraiu o vírus fique imune depois de curada. “A gente não tem essa resposta. É o que parece, mas por um certo período. Por ser uma doença muito nova, não temos essa resposta na ciência”.
Sobre a combinação de Hidroxicloroquina e Azitromicina, o especialista garantiu que “esse tratamento de pesquisa ainda não está liberado”. E completou: “Ele não tem comprovação científica validada. Ou seja, só deve ser utilizado em ambientes de pesquisa”, garante.
O infectologista ainda explicou que o teste que Bolsonaro citou se mostra eficaz, mas ainda está em fase de “validação pela comunidade científica”. “O teste foi recém- lançado no mercado para diagnóstico rápido do coronavírus. Ele não tem validade definida”, afirma. “Diante das circunstâncias, o teste é útil para enfrentarmos essa situação”.
Ainda de acordo com Tupinambás, o tratamento para as pessoas contaminadas por COVID-19 não foi alterado e segue sendo suportivo. “Relembrando, que a grande maioria das pessoas vai ter um quadro brando a leve. Ou seja, dor de cabeça, dor de garganta, dor no corpo, muito parecido com o quadro gripal”, detalha. “O tratamento é usar remédio para dor e para febre, o que pode ser dipirona ou paracetamol. Nesses casos, evitar os anti-inflamatórios não esteroides, como, por exemplo, duplofen”, explica.
*A estagiária está sob supervisão do subeditor Eduardo Murta
O que é o coronavírus?
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o coronavírus é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.