Os governadores do Nordeste avaliam que "o momento vivido pelo Brasil é gravíssimo". Após conferência realizada na tarde desta quarta-feira, 25, entre eles, os governadores da região divulgaram carta na qual fazem críticas e cobranças ao presidente Jair Bolsonaro em relação a ações para conter o avanço da covid-19 e firmam um pacto pela adoção de "medidas baseadas no que afirma a ciência, seguindo orientação de profissionais de saúde, capacitados para lidar com a realidade atual".
A ação coordenada dos nove governadores da região é uma resposta ao presidente Bolsonaro, que continua a minimizar a gravidade da nova doença. Na carta, os governadores afirmam terem ficado "frustrados com o posicionamento agressivo" do presidente Jair Bolsonaro, que, segundo eles, "deveria exercer o seu papel de liderança e coalizão em nome do Brasil".
Ontem, em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, Bolsonaro manifestou clara oposição ao rigor das medidas de isolamento que têm sido recomendadas ou determinadas no País, especialmente por iniciativa de Estados e prefeituras, para conter o avanço do novo coronavírus. Na fala, o presidente chegou a recomendar que "algumas poucas autoridades, estaduais e municipais, devem abandonar o conceito de terra arrasada", em medidas como a "proibição de transportes", o "fechamento do comércio" e o "confinamento em massa" - iniciativas que têm sido adotadas em países muito atingidos pela doença, como Itália e Espanha, e mesmo em outros menos afetados, para evitar a propagação do vírus e o colapso do sistema de saúde.
Os chefes dos executivos estaduais afirmam entender que cabe ao governo federal ação urgente voltada aos trabalhadores informais e autônomos, mas reforçaram: "Agressões e brigas não salvarão o País. O Brasil precisa de responsabilidade e serenidade para encontrar soluções equilibradas."
Os governadores pedem urgente coordenação e cooperação nacional para proteger os empregos e a sobrevivência dos mais pobres. "O coronavírus é um adversário a ser vencido com muito trabalho, bom senso e equilíbrio", destaca a carta. Os governadores afirmam ainda que vão manter as medidas preventivas gradualmente revistas de acordo com os registros informados pelos órgãos oficiais de saúde de cada região.
"É um momento de guerra contra uma doença altamente contagiosa e com milhares de vítimas fatais. A decisão prioritária é a de cuidar da vida das pessoas, não esquecendo da responsabilidade de administrar a economia dos Estados. É um momento de união, de se esquecer diferenças políticas e partidárias. Acirramentos só farão prejudicar a gestão da crise", enfatizam.
Assinam a carta: os governadores Rui Costa (Bahia), Renan Filho (Alagoas), Camilo Santana (Ceará), Flávio Dino (Maranhão), João Azevedo (Paraíba), Paulo Câmara (Pernambuco), Wellington Dias (Piauí), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte), e Belivaldo Chagas (Sergipe).
De acordo com dados do Ministério da Saúde, 46 pessoas morreram em decorrência da covid-19 no País e há 2.201 casos confirmados. Em São Paulo tem 810 casos e 40 mortes. No Rio de Janeiro, são 305 casos e 6 mortes.