O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender o fim da quarentena para as pessoas fora do grupo de risco do novo coronavírus na noite desta quarta-feira (25). Por meio do seu Twitter, o chefe do Executivo federal criticou a imprensa e a oposição e falou várias vezes em “demagogia” por parte dos críticos.
Para o presidente, é possível combater a Covid-19, que já matou quase 19 mil pessoas em todo o mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), com as empresas funcionando.
- É mais fácil fazer demagogia diante de uma população assustada, do que falar a verdade. Isso custa popularidade. Não estou preocupado com isso! Aproveitar-se do medo das pessoas para fazer politicagem num momento como esse é coisa de COVARDE! A demagogia acelera o caos.
%u2014 Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 26, 2020
A posição, no entanto, vai na contramão do que os especialistas em saúde pública defendem.O retorno das pessoas, mesmo aquelas fora do grupo de risco, ao trabalho aceleraria a proliferação da virose, explodindo o número de casos.
- Se estivesse pensando em mim, lavaria as mãos e jogaria para a platéia, como fazem uns. Penso no povo, que logo enfrentará um mal ainda maior do que o vírus se tudo seguir parado. NÃO CONDENAREI O POVO À MISÉRIA P/ RECEBER ELOGIO DA MÍDIA OU DE QUEM ATÉ ONTEM ASSALTAVA O PAÍS!
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 26, 2020
Bolsonaro também disse que não está preocupado com sua popularidade perante o eleitorado. Afirmou, ainda, que o povo “logo enfrentará um mal maior do que o vírus se tudo seguir parado”, fazendo clara alusão à situação econômica do Brasil.
- Quase 40 MILHÕES DE TRABALHADORES AUTÔNOMOS já sentem as consequências de um Brasil parado. Sem produzir, as empresas NÃO TERÃO COMO PAGAR SALÁRIOS. SERVIDORES DEIXARÃO DE RECEBER. Não tem como desassociar emprego de saúde. Chega de demagogia! NÃO HÁ SAÚDE NA MISÉRIA!
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 26, 2020
“Não tem como desassociar emprego de saúde. Chega de demagogia! Não há saúde na miséria”, escreveu o presidente.
“Não queremos descaso com a questão da Covid-19. Apenas buscamos a dose adequada para combater esse mal sem causar um ainda maior”, completou.
- Não queremos descaso com a questão da Covid-19. Apenas buscamos a dose adequada para combater esse mal sem causar um ainda maior. Se todos colaborarem, poderemos cuidar e proteger os idosos e demais grupos de risco, manter os cuidados diários de prevenção e o país funcionando.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 26, 2020
Essa foi a segunda manifestação pública do presidente depois que ele recebeu uma enxurrada de críticas de especialistas em saúde e personalidades, além de analistas e da população, por causa do pronunciamento dado na terça em rede nacional.
O chefe do Executivo condenou, na gravação, medidas como a quarentena para quem não faz parte do grupo de risco e o fechamento de escolas. Também voltou a classificar a Covid-19 de “gripezinha”.
Na manhã desta quarta, quando deixava o Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que vai discutir com o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, o “isolamento vertical”: somente para idosos e pessoas com doenças crônicas.
Em coletiva durante a tarde, no entanto, o ministro frisou que sua equipe vai trabalhar com “critérios técnicos”, mas pontuou que as falas do presidente são de quem anseia pelo futuro da economia brasileira – que também deve ser motivo de preocupação no momento.
Mandetta também ressaltou que não deixará o cargo por conta das falas do presidente. Disse que só sairá se for por motivo de saúde ou por decisão de quem o nomeou, Jair Bolsonaro.