Jornal Estado de Minas

CORONAVÍRUS NO BRASIL

Mourão admite que ficou constrangido com discussão entre Bolsonaro e Doria e explica gesto de reprovação

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), explicou o suposto gesto de reprovação à discussão entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), durante uma reunião por videoconferência para discutir ações de combate ao coronavírus.



 

Mourão foi flagrado pelas câmeras acenando lateralmente com a cabeça, demonstrando descontentamento com a situação naquele momento. Em entrevista à CNN Brasil, o vice-presidente negou que o gesto fosse de censura às palavras de Bolsonaro, mas admitiu que a discussão o constrangeu.

“A interpretação dos sinais corporais é algo de livre arbítrio de cada um. Mas julgo que os companheiros da imprensa interpretaram mal isso. O que me constrangeu foi a discussão levantada naquele momento. Seja pelo próprio governador, que poderia ter evitado criticar a fala do presidente que tinha ocorrido na noite anterior, de uma forma pública e na presença de outros, porque foi gravado aquilo e depois transmitido em rede nacional. Seja por que o presidente, a partir do momento que se sentiu atacado, retrucou da forma como ele sabe. Na minha visão, tudo aquilo podia ter sido evitado e a gente poderia ter se concentrado na busca da solução dos problemas atuais relacionados à crise do coronavírus” disse o vice.

 

Hamilton Mourão voltou a afirmar que as autoridades devem deixar de lado as paixões políticas, mesmo se tratando de um ano eleitoral. Segundo ele, todos devem se unir para tentar frear a disseminação da Covid-19.



 

Essa polêmica não ajuda. Os diversos entes da federação têm que entender que temos que trabalhar em ação conjunta. Deixar de lado as paixões políticas no momento. As paixões politicas estão perturbando muito porque temos um ano eleitoral pela frente. Tem muito prefeito tomando atitude porque o candidato de oposição está dizendo que ele não fez nada. Aí o prefeito vai lá e toma uma atitude. Seja na linha de ação A ou B. Estamos sendo pautados muitas vezes por algo que vai acontecer no segundo semestre. Até lá, se Deus quiser, teremos superado essa crise e estaremos vivendo em outro momento do país”, projetou o político.

Crise política

Bolsonaro tem travado uma guerra com governadores e prefeitos, pela discordância dos métodos de combate ao vírus. Nas últimas semanas, os chefes do Executivo do Rio e de São Paulo, que adotaram medidas mais drásticas como o fechamento do comércio e proibição de transportes, criticaram o presidente por uma alegada falta de atitude e de diálogo.

 

Antes do embate com o presidente, João Doria já vinha sendo incisivo nas críticas a Bolsonaro. “Estamos fazendo o que deveria ser feito pelo líder do país, o que o presidente Jair Bolsonaro, lamentavelmente, não faz, e quando faz, faz errado”, criticou o governador de São Paulo em entrevista coletiva ao anunciar a instituição da quarentena no estado. 

 

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) chegou a dizer que o governo federal caminha a “passos de tartaruga” no combate ao vírus e que “não há diálogo” entre União e Estados.