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Estado de Minas

Bolsonaro distorce fala da OMS e volta a defender reabertura de comércios

Segundo Bolsonaro, Tedros falou ''praticamente'' que os informais ''têm que trabalhar'' durante a crise causada pela pandemia do coronavírus


postado em 31/03/2020 16:38 / atualizado em 31/03/2020 16:43

(foto: Ed Alves/CB/D.A Press)
(foto: Ed Alves/CB/D.A Press)
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta terça-feira (31) que a Organização Mundial da Saúde (OMS) está em alinhamento com ele sobre trabalhadores informais voltarem a trabalhar. Ele destacou uma entrevista dada ontem (31) pelo diretor-presidente do órgão, Tedros Ghebreyesus. “O que ele disse praticamente, em especial, os informais, têm que trabalhar. O que acontece, nós temos dois problemas: o vírus e o desemprego que não podem ser dissociados. Temos que atacar juntos. Quando comecei a falar isso, entraram até com um processo no Tribunal Penal Internacional contra mim me chamando de genocida. Eu sou um genocida porque defendendo o direito de você levar um prato de comida para casa. Ele estava um pouco constrangido parece, mas falou a verdade, a gente conhece ele com maior profundidade do passado, mas achei excepcional a palavras dele e meus parabéns: OMS se associa ao presidente Bolsonaro”, afirmou.
 
Bolsonaro disse ainda que deverá fazer um novo pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão esta noite, onde falará sobre medidas tomadas pelo governo no combate ao coronavírus e sobre a entrevista de Ghebreyesus. No entanto, Bolsonaro tirou de contexto um trecho da reportagem. O presidente da OMS cobrou ontem (30) medidas do governo para os trabalhadores informais mais necessitados e voltou a reforçar sobre a importância do isolamento social.

“No assunto lockdown, talvez alguns países já tenham tomado medidas para o distanciamento físico, fechando escolas e  prevenindo-se de aglomerações e assim por diante. Isso pode comprar tempo, mas ao mesmo tempo, cada país é diferente. Alguns países tem um sistema de auxílio social forte. E alguns países não tem. Eu sou da África como vocês sabem. Sou da África e sei que muita gente precisa trabalhar cada dia para ganhar o seu pão. E governos devem levar essa população em conta. Se estamos limitando os movimentos, o que vai acontecer com essas pessoas que precisam trabalhar diariamente? Então cada país, baseado em sua situação deveria responder a esta questão. Não estamos olhando como "um impacto econômico num país", ou "a perda média do PIB, ou sabe as “repercussões econômicas”. Precisamos também ver o que isso significa para o indivíduo na rua. Venho de uma família pobre e sei o que significa sempre preocupar-se com o pão de cada dia. E isso precisa ser levado em conta. Porque cada indivíduo importa. E temos que levar em conta como cada indivíduo é afetado por nossas ações. É isso que estamos dizendo.", apontou em um trecho.

Tedros voltou a dizer que o governo deve garantir condições aos trabalhadores mais prejudicados pela crise, que precisam de comida, saneamento e outros serviços essenciais. 

 "Entendemos que muitos países estão implementando medidas que restringem a movimentação das pessoas. Ao implementar essas medidas, é vital respeitar a dignidade e o bem estar de todos. É também importante que os governos mantenham a população informada sobre a duração prevista dessas medidas, e que dê suporte aos mais velhos, aos refugiados, e a outros grupos vulneráveis. Os governos precisam garantir o bem estar das pessoas que perderam a fonte de renda e que estão necessitando desesperadamente de alimentos, saneamento, e outros serviços essenciais. Os países devem trabalhar de mãos dadas com as comunidades para construir confiança e apoiar a resistência e a saúde mental", disse. 

Em outro trecho, ele ressaltou:

"É vital respeitar a dignidade do próximo. É vital que os governos se mantenham informados e apoiem o isolamento", concluiu.

OMS reforça posicionamento

Durante a tarde desta segunda-feira (31), Tedros voltou às redes sociais para esclarecer seu posicionamento em duas mensagens por meio do Twitter. 

 "Pessoas sem fonte de renda regular ou sem qualquer reserva financeira merecem políticas sociais que garantam a dignidade e permitam que elas cumpram as medidas de saúde pública para a Covid-19 recomendadas pelas autoridades nacionais de saúde e pela OMS", escreveu o diretor-geral da OMS.

"Eu cresci pobre e entendo essa realidade. Convoco os países a desenvolverem políticas que forneçam proteção econômica às pessoas que não possam receber ou trabalhar devido à pandemia da Covid-19. Solidariedade", concluiu.

 



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