Jornal Estado de Minas

COVID-19

Combate ao coronavírus: Secretaria de Saúde quer colocar 586 novos leitos em operação imediata

Minas Gerais pode ampliar em cerca de 25% o número de leitos disponíveis para acolher infectados pelo coronavírus. Segundo o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, o Executivo quer colocar, em operação imediata, 586 novas unidades de terapia intensiva (UTIs). O número compõe os 2.589 potenciais leitos cuja ativação é desejada pela pasta. Ainda de acordo com Amaral, em reunião, nesta quinta-feira, na Assembleia Legislativa, o governo vai lançar, até o próximo dia 7, um edital para o credenciamento dos leitos.


“Quem quiser colocar algum dos 586 leitos em operação, deve aderir ao edital e iniciar as atividades. Precisamos ampliar leitos, seja contratando, alugando ou recrutando unidades de terapia de hospitais que estão fechados”, explicou o secretário, dizendo que, embora o prazo para a divulgação do edital seja o dia 7, a expectativa é a liberação do documento já nesta sexta-feira (3).

O credenciamento vai ser feito de forma simplificada. As instituições que demonstrarem interesse em acolher pacientes vão precisar, apenas, comprovar que têm as UTIs.

Atualmente, as casas de saúde pública de Minas Gerais têm 2.013 leitos de UTI. Os hospitais particulares, por sua vez, têm 1.083.

“O que vai trazer risco de vida às pessoas é a quantidade dos leitos e a forma de ocupação deles. Temos acompanhado, dia a dia, os pedidos de internação”, ressaltou Amaral. Dados da pasta apontam que os pedidos de internação estão abaixo do número inicialmente projetado pelo governo, o que dá mostras dos efeitos obtidos pelas medidas de restrição social.


Fhemig quer expandir leitos

Questionado pelo presidente da Comissão de Saúde da Assembleia, Carlos Pimenta (PDT), sobre uma possível transformação do Hospital Psiquiátrico Galba Velloso em ponto de atendimento aos infectados, o secretário de Saúde explicou que a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), estuda abrir 500 novos leitos em todo o estado. Segundo Amaral, o Galba Velloso pode contribuir com 200 deles.

“Em um momento de crise, onde há muitos óbitos, pensar em abrir 200 leitos é muito importante”, disse. “Não há a ideia de fechar o Galba Veloso. Queremos abri-lo e aumentar a quantidade de leitos. E, assim que a crise, na Região Metropolitana, passar, o hospital, por ser credenciado à rede Fhemig, estaria pronto para acolher pacientes do interior”, completou. 

Mais testes

Puderam fazer questionamentos ao secretário os integrantes da Comissão de Saúde e do colégio de líderes da Assembleia. Muitos deles perguntaram sobre os testes para a doença. Amaral anunciou que, a partir de segunda-feira, a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) vai começar a trabalhar no diagnóstico dos testes. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por sua vez, deu início às atividades ligadas aos exames nesta quinta.

O aumento no número de testes proporcionado pela força-tarefa deve ser percebido em, aproximadamente, uma semana. “Nosso objetivo, se tudo der certo e houver kits para testes, é ter 1.880 exames diários até o fim da semana que vem. E, em um prazo mais longo, poderemos fazer até 4.400 exames por dia, que é a capacidade operacional de nossas máquinas”, disse.


Desde o primeiro caso confirmado em Minas Gerais, no dia 4 de março, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) recebeu 5 mil exames. Ainda há 2.600 deles na fila. Anunciada pelo governo do estado na terça-feira, a rede de laboratórios que vai atuar nos diagnósticos deve descentralizar os resultados.

Minas deve receber, até a semana que vem, cerca de 50 mil testes rápidos, parte dos 5 milhões de exames doados ao governo federal pela Vale e comprados junto à China. O secretário, assim como feito pelo Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no início da semana, reiterou que o principal objetivo dos testes rápidos é dizer se profissionais de saúde ou das forças de segurança com sintomas de gripe podem voltar às atividades normais.

Isolamento social

O secretário falou, também, sobre a importância da atividade econômica para dar forma às políticas de saúde. No entanto, na visão dele, não é possível ignorar os riscos do vírus. 

“É fundamental entendermos que prevenção significa isolamento social. Não há outra forma, em relação ao coronavírus, de pensar nisso”, disse, mencionando as medidas de distanciamento e restrição à circulação de pessoas adotadas pelo governo.