O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, deu detalhes sobre a relação conturbada com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) neste período de crise por causa do coronavírus. Após Bolsonaro dizer, nessa quinta-feira (2), que ‘falta humildade’ ao chefe da pasta de Saúde, Mandetta diz que ‘entende as reações’ e que ‘vê uma vontade muito grande de acertar’ por parte do presidente.
“O paciente agora é o Brasil. É normal que as pessoas que estejam no entorno e que tenham um amor profundo ao paciente Brasil, que é o caso do presidente Bolsonaro, se preocupem, questionem. Mas o que eu vejo é uma vontade muito grande de acertar, de acharmos um caminho todos juntos para levar o paciente até um porto seguro. Então, da minha parte, isso é muito tranquilo. Entendo que as reações são assim, não é nada desconfortável”, disse Mandetta em entrevista coletiva nesta sexta (3).
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Mandetta descarta pedir demissão: 'Médico não abandona paciente, meu filho''Estamos nos bicando e, em algum momento, ele extrapolou', diz Bolsonaro sobre ministro MandettaBolsonaro afirma que Mandetta não tem 'humildade'Mandetta vê com preocupação eventuais manifestações pelo fim do isolamentoEm semana de fake news de Bolsonaro, Mandetta reclama de mensagens inverídicas: ''Dá um trabalho enorme''“É um tratamento mais lento e que tem reflexos na economia. Não somos insensíveis a esse tratamento, tem efeitos colaterais, principalmente para o brasileiro mais carente. É por muitos deles que o presidente se movimenta. É o cara do espetinho, da economia informal… para isso o remédio são políticas sociais que estão sendo aprovadas”, disse.
Mandetta voltou a mostrar bastante temor com o colapso no sistema de saúde, exemplificando casos de diversas partes do mundo, como Estados Unidos e Itália, que registraram números bastante elevados de pessoas infectadas pelo coronavírus. Apesar das divergências com Bolsonaro, o ministro frisou que tem tentando buscar alternativas para minimizar os efeitos da COVID-19 no país, mas que ‘não tem fórmula pronta’.
"Essa relação hoje que, por vias tortas não-programadas, acaba trazendo espaço para uma preocupação. Eu não sou o dono da verdade, eu simplesmente estou vendo o paciente e indicando um caminho para percorrer com os meus colegas da ciência. É normal também às vezes você chegar num médico e ele falar que seu caso é de cirurgia e daí você quer escutar uma segunda opinião. Aí o outro médico fala que seu caso não é de operar, que tem tratamento conservador. E o paciente manifesta qual é sua vontade sobre qual tipo de tratamento prefere. Isso é possível. Não temos uma fórmula pronta para essa epidemia, porque o mundo não tem”, concluiu.