Já circulam nas redes sociais chamamentos de admiradores do presidente Jair Bolsonaro para uma manifestação nacional no domingo, dia 5 de abril, pelo fim do isolamento recomendado pelo Ministério da Saúde à população. Em sua entrevista coletiva desta sexta-feira, no Palácio do Planalto, o ministro da pasta, Luiz Henrique Mandetta, mostrou preocupação com possíveis aglomerações.
Mandetta usou uma metáfora para chamar a atenção para a necessidade de continuidade da quarentena, medida de combate à disseminação do coronavírus.
“Todas as vezes que a gente tem um quadro (de saúde), a gente sabe que tem coisas que conspiram para ajudar a melhorar e coisas que conspiram para não ajudar. Às vezes a gente está ali na beira do leito do nosso paciente, comemora aqui um examezinho, melhorou hoje, acha que ele está melhor, vai dormir feliz e chega lá amanhã...ixi, piorou de novo. A gente vai vivendo um dia de cada vez”, comentou.
“Como vai ser o comportamento dos brasileiros neste final de semana...Eu não sou autoridade nacional para coibir nem estou aqui para ser gestor das vontades das pessoas. Nós estamos numa sociedade democrática, tem lei sobre isso. Como que as pessoas vão se comportar...As pessoas são donas do seu destino, individual e coletivamente. Se esse destino vai ser pautado por ‘vamos fazer um efeito manada, vamos todos à rua, fazer uma grande manifestação, vamos insuflar, vamos nos abraçar, fazer um carnaval fora de época…’, completou o ministro, em tom de ironia.
Luiz Henrique Mandetta alertou que os brasileiros precisarão ter paciência para entender o momento e respeitar a recomendação de isolamento feita pelo Ministério da Saúde. No momento, a operação do sistema de saúde está estrangulada pelo excesso de casos de contaminação pelo coronavírus.
“Não adianta também na primeira semana, na segunda semana que a gente está enfrentando a situação, a gente já chegar e falar: ‘ah, não vou não, chega, pra mim tá bom, já deu, vamos deixar acontecer’. Estou alertando, o nosso estoque está baixo. Nós estamos vendo, hoje, uma predação dos estoques”, disse, referindo-se à falta de materiais, máquinas para exames e respiradores.
Em dado momento da entrevista, Mandetta lembrou que tradicionais festas populares no país, como as festas juninas, deveriam sim ser canceladas. “Eu sei que vai ser duro lá para Campina Grande-PB e Caruaru-PE, como é que vai ser? Como é que vai ser a quadrilha? Como é que vai ser a Páscoa esse ano? Como é que vai ser o coelhinho da Páscoa? Não vai ser igual aos anos que passaram?”, indagou Mandetta, deixando clara a recomendação de evitar aglomerações enquanto a pandemia de COVID-19 não for controlada.
Segundo ele, o Ministério da Saúde trabalha com números que indicam a necessidade de se respeitar o isolamento. A flexibilização da quarentena, ainda sem previsão para ocorrer, dependerá de “condicionantes”.
“A gente vai chegar a um momento que vamos falar assim: ‘ok, vamos começar a nos movimentar’. Mas a gente tem de ter condicionantes para isso. Enquanto não tivermos essas condicionantes minimamente atendidas, é muito temerário perguntar para alguém que tem todos os números que nós temos, todas as informações que nós temos, que são compartilhadas com todos os ministros, com o presidente. Aí é uma questão de saber cada um como interpretar esses números e saber para onde a gente vai juntos”, observou.