O prefeito Alexandre Kalil (PSD) disse que, por conta de um desacordo com o governo de Minas Gerais, o Mineirão não terá um hospital de campanha para atender pacientes com a COVID-19 em Belo Horizonte.
Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, o chefe do executivo municipal disse que havia chegado a um consenso com o governador Romeu Zema (Novo). Porém, o acordo foi desfeito, segundo Kalil, após interferência do secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Marco Aurélio Barcelos. A proposta do Executivo estadual, segundo o prefeito, foi "imoral, indecorosa e politiqueira".
. “O hospital no Mineirão, o governo do estado não cedeu a esplanada para a prefeitura de Belo Horizonte. Infelizmente, disseram, apesar de eu já ter combinado pessoalmente com o governador... Mas, depois, veio um secretário, Marco Aurélio Barcelos (secretário de Infraestrutura e Mobilidade), que é um garotinho de 39, 40 anos. Fez uma proposta imoral, indecorosa e politiqueira para ceder o espaço”, disse Kalil.
Segundo avaliações de uma comissão que esteve no estádio, o campo de futebol não seria utilizado, o que reduziria os custos da montagem. Foram visitados os estacionamentos, espaços internos e salas. Dessa forma, os leitos seriam montados nesses espaços. De acordo com Kalil, após o desacordo sobre o uso do Mineirão, a prefeitura já encontrou alternativas.
“Temos acesso à Santa Casa, ao São Francisco e ao São José, e colocamos, a mais do que temos, mil leitos, praticamente o dobro do hospital de campanha, exclusivamente para a COVID-19”, disse.
Críticas ao governo estadual
Ao contrário do que fez em meados de março - quando criticou Zema em função de desavenças sobre a forma de combater o novo coronavírus -, Kalil preferiu isentá-lo de culpa. Desta vez, o prefeito demonstrou irritação com pessoas que auxiliam o governador na gestão de Minas Gerais.
“Eu vou falar uma coisa que vou isentar um pouco o governador do estado. Ele é muito mal assessorado. Ele não tem culpa da metade das lambanças que fazem em torno dele. Ele é pessimamente assessorado, haja visto esse último episódio do Mineirão. Eles prejudicam muito o governador, que é bem intencionado e que quer trabalhar para liderar. Agora, para isso, você precisa de nomes que tenham gabarito para liderar alguma coisa”, disse.
A reportagem do Estado de Minas entrou em contato com a assessoria de comunicação do governo estadual para comentar as declarações de Kalil. Por meio de nota, a Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade alegou que a instalação de um hospital de campanha no Mineirão exige atuação conjunta entre estado e município e informou que o estádio continua à disposição para o combate ao coronavírus.
Leia a nota da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade
A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) reforça que todas as medidas destinadas ao combate do Coronavírus e seus efeitos são importantes e merecem o total apoio das autoridades e da sociedade civil organizada. Sob esse contexto, esclarece que já na semana anterior havia sido disponibilizada, para a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, a cessão do Estádio do Mineirão para a montagem de um hospital de campanha, sem qualquer custo.
Por se tratar de um equipamento administrado por empresa privada, contratada pelo Estado de Minas Gerais, informou-se que seria necessária a atuação conjunta de ambos os entes para a realização do empreendimento, tendo sido a Secretaria Municipal de Saúde comunicada de que as equipes da Seinfra estavam de prontidão para dar andamento a todas as medidas jurídicas e operacionais necessárias.
A Secretaria reitera que o Mineirão continua à disposição da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte para a implementação de ações orientadas ao enfrentamento do COVID-19. Ressalta, por fim, que a oportunidade de atuar em conjunto com as autoridades municipais neste momento de crise independe de preferências ou de qualquer contexto eleitoral.