Em entrevista ao Estado de Minas na tarde desta terça-feira, Zema rasgou elogios a Mandetta e defendeu sua manutenção no cargo até, pelo menos, o fim da crise do COVID-19 no país. “No momento em que se tem uma tempestade como essa que estamos tendo, não é hora de trocar o comandante do navio”, disse o governador.
“Se o ministro está conduzindo bem, é questão de ter bom senso e mantê-lo pelo menos até a tempestade passar. Qualquer outro teria muito mais dificuldades do que eles, que já está no comando disso há praticamente um mês”, continuou.
No entendimento do governador - que desde a corrida eleitoral de 2018 associou a própria imagem a de Bolsonaro, embora o presidente tivesse como concorrente um correligionário de Zema, o novista João Amoêdo -, a popularidade de Mandetta pode ter incomodado o chefe do executivo nacional.
Segundo pesquisa divulgada na última sexta-feira pelo instituto Datafolha, 76% dos 1.511 entrevistados avaliam positivamente as ações do ministério da saúde no combate ao coronavírus. A aprovação de Bolsonaro, por outro lado, é bem menor: 33%.
“Eu tenho visto o ministro Mandetta conduzindo muito bem a questão do combate ao coronavírus. Ele virou uma figura totalmente pública, proeminente nesses últimos dias. Me parece que por alguma questão isso pode ter incomodado o presidente. Mas vejo que foi apenas durante um momento, durante alguma questão. Graças a Deus, foi bem encaminhado”, continuou.
O principal motivador das tensões entre Bolsonaro e Mandetta é a forma como combater o novo coronavírus. O ministro segue as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) no combate à COVID-19 e orienta um isolamento social que inclua a maioria das pessoas, com o objetivo de evitar mortes e sobrecarga no sistema de saúde. Já o presidente, com o propósito de reduzir danos econômicos, defende o chamado “isolamento vertical”, em que apenas aqueles que estão em grupos de risco (idosos e portadores de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e asma) devem ficar em casa.
Sem críticas a Bolsonaro
Apesar de ter defendido Mandetta, Romeu Zema preferiu não criticar Bolsonaro. “O presidente tem as opiniões dele. Nós, até hoje, mesmo entre os especialistas em pandemias, temos opiniões divergentes. Como leigo, não gosto de fazer julgamentos, porque até especialistas divergem. E o que dizer de mim, leigo? Estou tomando uma medida por questão de segurança, que visa a preservar a população. Mas quem sabe daqui um ano alguém pode dizer que tomamos a medida inadequada. Por vias de segurança, estou sendo conservador”, finalizou.