Cotado para assumir o Ministério da Saúde no auge dos desentendimentos entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, o ex-ministro e deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) errou a estimativa de mortes pelo COVID-19 no Brasil. Em 18 de março, ele publicou em sua conta no Twitter que a gripe suína (H1N1) matou duas pessoas a cada dia no Brasil em 2019. "Este número deve ser maior que as mortes que acontecerão pelo coronavírus aqui", escreveu. Três semanas depois da publicação da mensagem, a matemática desmentiu o ex-ministro. Os dados oficiais do ministério, divulgados na quarta-feira, mostram que o coronavírus já matou 800 pessoas no Brasil.
Na previsão do ex-titular da pasta da Cidadania, o país teria em 2020, no máximo, 730 mortes pelo COVID-19. A comparação foi um dos argumentos que Terra utilizou para defender o abrandamento do isolamento social e a retomada imediata ao trabalho de todos os setores. "É o fato e a versão do fato!", tentou justificar, na publicação.
De acordo com o Ministério da Saúde, em 2019 foram registrados 3.430 casos de infecção e 796 mortes decorrentes da infecção pelo H1N1. A maioria dos casos afetados foram crianças pequenas e pessoas com outros fatores de risco associados, como pneumopatias e doenças cardiovasculares crônicas. A epidemia de H1N1 começou em 2009 em um cenário de incertezas. O vírus circula ainda no país e também é motivo de preocupação das autoridades de saúde, mas as campanhas de vacinação minimizam seu avanço desde então.
Terra tem sido uma das principais vozes contra as medidas de isolamento social no combate ao coronavírus. Ele já chegou a dizer que não é preciso que a população siga “cegamente” as regras impostas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Além disso, o deputado já defendeu, assim como o presidente Jair Bolsonaro, o uso do remédio hidroxicloroquina no tratamento de todos os pacientes que contraírem o vírus.
Recebido ao menos duas vezes pelo presidente em reuniões sem a presença de Mandetta, Osmar é apontado como um provável substituto do atual ministro da Saúde.
Essa não é a primeira vez que o deputado federal faz afirmações incorretas. Na última semana, ele teve as postagens restritas pelo Twitter.
Em nota, a empresa diz que "anunciou recentemente em todo o mundo a expansão de suas regras para abranger conteúdos que forem eventualmente contra informações de saúde pública orientadas por fontes oficiais e possam colocar as pessoas em maior risco de transmitir Covid-19."
Veja outros casos:
“A quarentena aumentou casos de coronavírus onde foi adotada.”
O deputado afirmou também via Twitter que a quarentena e o isolamento social aumentaram os casos de coronavírus nos países que foram adotadas. “A ideia de fazer quarentena para reduzir a velocidade e ‘achatar’ a curva de aumento de casos não funcionou em nenhum país do mundo nesta epidemia. Estão submetendo a população a enormes sacrifícios por uma teoria sem resultados práticos!”, escreveu.
De acordo com os especialistas, esse tipo de análise é equivocada porque os efeitos de uma quarentena não são vistos nos primeiros dias subsequentes ao decreto dos governos. Cientistas apontam que há um prazo mínimo para verificar a efetividade das medidas de quarentena que envolvem fechamento de escolas, serviços não essenciais.
Além disso, é preciso considerar ainda o intervalo de espera entre o momento em que o caso chega ao hospital e o momento em que o teste em laboratório é concluído e entra para as estatísticas.
Brasil vive uma quarentena “radical e sem sinais do achatamento da curva”
Em um vídeo publicado nas rede sociais, Osmar Terra afirmou que o Brasil vive um isolamento social e sem sinais de achatamento da curva. “Vivemos uma quarentena radical que destrói nossa economia e empregos, eu pergunto: onde está o achatamento da curva? não existe. Com a quarentena ou não, chegaremos ao pico da epidemia antes do final de abril. Está na hora dos governadores ouvirem o presidente e acertarem com ele o fim dessa quarentena sem resultados.”
Apesar de viver em uma quarentena, o país efetivamente não fechou lojas ou proibiu a locomoção de pessoas em vias públicas de forma radical, como foi adotado em outros países. Cientistas afirmam que o achatamento da curva não sugere que a epidemia está exterminada. A ideia de “achatar” a curva tem outro objetivo primário: impedir que os casos graves cheguem todos ao mesmo tempo no hospital, gerando um colapso no sistema de saúde.
*A estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz
O que é o coronavírus?
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o coronavírus é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.
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