Um dos principais auxiliares de Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde, o secretário de vigilância Wanderson Kleber de Oliveira já trata a demissão do chefe da pasta como certa. Mandetta está em atrito com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), desde o início da pandemia do novo coronavírus. Em uma carta de despedida divulgada pela jornalista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, nesta quarta-feira, o assistente diz que “finalmente chegou o momento da despedida”.
“Finalmente chegou o momento da despedida. Ontem (terça-feira), tive reunião com o ministro, e sua saída está programada para as próximas horas ou dias. Infelizmente, não temos como precisar o momento exato. Pode ser um anúncio respeitoso diretamente para ele, ou pode ser um tuíte. Só Deus para entender o que o querem fazer”, diz Wanderson.
Em outro momento, o auxiliar também alerta para uma possível debandada de toda equipe de Mandetta após o desligamento do então chefe. Wanderson chega até a indicar um nome para o substituir no cargo.
“Para que não tenhamos solução de continuidade, indiquei o meu amigo querido Gerson Pereira para ficar de secretário interino. Ele é um profissional excelente e vai dar seguimento a tudo que estamos fazendo. Vou entregar o cargo assim que a decisão sobre o Mandetta for resolvida. Todos estão livres para fazer o que desejarem”, termina o auxiliar.
A Presidência da República e o Ministério da Saúde ainda não se manifestaram sobre o assunto. As rixas entre Bolsonaro e Mandetta se tornaram públicas nas últimas semanas. O chefe do Executivo discorda das ideias do ministro, que defende o isolamento social horizontal como uma das medidas para tentar conter o avanço da COVID-19. O presidente é contrário a essa alternativa e defende a reabertura de comércio e a retomada das atividades convencionais em meio à pandemia, isolando somente pessoas do grupo de risco.
Os dados mais recentes do Ministério da Saúde, divulgados nessa terça-feira, mostra que 1.523 pessoas morreram no Brasil por coronavírus. O número de casos confirmados no país chega a 25.262.
Leia, abaixo, a íntegra da carta de Wanderson Kleber de Oliveira:
Bom dia!
Finalmente chegou o momento da despedida. Ontem tive reunião com o Ministro e sua saída está programada para as próximas horas ou dias. Infelizmente não temos como precisar o momento exato. Pode ser um anúncio respeitoso diretamente para ele ou pode ser um Twitter. Só Deus para entender o que o querem fazer.
De qualquer forma, a gestão do Mandetta acabou e preciso me preparar para sair junto, pois esse é um cargo eletivo e só estou nele por decisão do Mandetta. No entanto, por conhecer tão profundamente a SVS, tenho certeza que parte do que fizemos na SVS vai continuar, pois é uma secretaria técnica e sempre nos pautamos pela transparência, ética e preceitos constitucionais.
A maioria da equipe vai permanecer e darão continuidade ao trabalho de excelência que sempre fizeram e para isso não precisam mais de mim.
Foi uma honra enorme trabalhar mais uma vez com você. Para que não tenhamos solução de continuidade, indiquei o meu amigo querido Gerson Pereira para ficar de Secretário interino. Ele é um Profissional excelente e vai dar seguimento a tudo que estamos fazendo.
Vou entregar o cargo assim que a decisão sobre o Mandetta for resolvida. Todos estão livres para fazer o que desejarem.
Tenho certeza que a SVS continuará grande e será maior, pois vocês é que fazem ela acontecer. Minhas contribuições foram pontuais e insignificantes, perto do que essa Secretaria é como uma só equipe. A SVS é minha escola e minha gratidão por ter trabalhado com você será eterna. Muito obrigado por me permitir estar Secretário Nacional de Vigilância em Saúde. Jamais imaginei que seria o primeiro enfermeiro a ocupar tão elevado e importante cargo e o primeiro de muitos que virão.
Muito obrigado!