Jornal Estado de Minas

'Ponto que não afinava com o presidente era com a questão do emprego', diz Bolsonaro sobre demissão de Mandetta

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em transmissão ao vivo por meio das suas redes sociais na noite desta quinta-feira (16), confirmou que a demissão do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi pelo fato de o antigo chefe da pasta divergir sobre a questão da economia. Bolsonaro definiu as medidas como ‘muito rígidas’.




Bolsonaro disse que a posição defendida por Mandetta - a quem tratou como “médico Dr. Mandetta” e não como ex-ministro - “era voltada quase que exclusivamente para a questão da vida”, dizendo que a economia também é importante. O presidente também afirmou que “uma economia desajustada” também pode levar a morte. O antigo chefe da pasta da Saúde pregava isolamento social horizontal para desacelerar o contágio do coronavírus.

“Hoje a tarde eu tive uma conversa de meia hora com o médico Dr. Mandetta, onde falamos bastante sobre sua saída do Ministério da Saúde. Agradeci bastante o trabalho prestado. O ponto que realmente que não afinava com o presidente era exatamente com a preocupação, também, com a questão do emprego. É um paciente com dois problemas graves: saúde e desemprego. E a linha do Mandetta como médico, que eu respeito, era voltada quase exclusivamente para a questão da vida. Claro que a saúde é mais importante que qualquer coisa, mas o efeito colateral de uma uma quarentena muito rígida, especialmente para pessoas humildes que viessem perder seu ganha pão, poderia ocasionar problemas seríssimos para o Brasil, chegando a ponto de a economia não poder se recuperar mais. Uma economia desajustada, as consequências também levam a morte”, disse Bolsonaro.

O presidente voltou a criticar o rigor das medidas, relembrando prisões de pessoas que furaram a quarentena em diversos lugares do país. Bolsonaro disse que casos de detenção poderiam se encaixar apenas para quem estivesse com a COVID-19, e que os decretos de prefeitos e governadores “ferem o direito básico da constituição”.



“No meu conhecimento, houve 10 prisões de homens e mulheres, como na praia, de biquíni, sendo presos pela Guarda Municipal e Polícia Militar, por ordens do prefeito ou do governador. Jamais, da minha parte, eu determinaria prisão de quem quer que fosse. A não ser que aquela pessoa seja portadora da doença, daí sim você tem amparo na lei. Fora isso, não tem. São prisões arbitrárias que, no meu entender, ferem o direito básico garantido na constituição. Não só o do ir e vir, bem como a sua liberdade. A pessoa só pode perder a liberdade por uma transgressão, por um crime cometido em flagrante. Não se tinha a comprovação que essas pessoas eram portadoras do vírus”, concluiu.