O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta fez do seu discurso de despedida do Ministério da Saúde um momento de agradecimento e conciliação no estilo que sempre o acompanhou como político experimentado que também é e que já ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados.
Ele começou o discurso agradecendo aos colegas ministros, à sua equipe na pasta, à família e, por fim, reiterou um "agradecimento especial" ao presidente Jair Bolsonaro, com quem teve divergências diárias durante a condução do controle da pandemia do coronavírus no país.
Sobrou agradecimentos até para a primeira-dama, Michele Bolsonaro, pelo trabalho que ela vem desenvolvendo em favor de portadores de doenças raras.
Demitido após semanas de desgaste, Mandetta desejou ao novo ministro "toda a sabedoria para conduzir nesse nosso País".
Divergências
Mandetta e Bolsonaro divergiram sobre a estratégia para combate à COVID-19. O presidente pede isolamento apenas para idosos e doentes crônicos, além de reabertura dp comércio e serviços. Já Mandetta sugere postura mais cautelosa e afirma que ainda é necessária quarentena mais ampla.
No discurso, Mandetta citou que o Brasil precisa de autonomia científica, para não ser mais dependente de produtos comprados no exterior, especialmente da China. Ele afirmou que a Fiocruz se revela "necessária à soberania do País".
Mandetta disse ainda que o ministério repassou em 40 dias mais de R$ 6 bilhões para estados e municípios contra o novo coronavírus. O ex-ministro afirmou também que o os primeiros 180 respiradores feitos pela indústria nacional estão sendo entregues para tratamento da COVID-19. "No mês de maio teremos sistema mais eficaz", disse, ressaltando ainda que o governo fechou parceria com a Opas/OMS para compra de 10 milhões de testes RT-PCR.
Ciência e fé
No dia anterior ao discurso de despedida do ministério, no entanto, em sua última coletiva diária à imprensa, desde que a pandemia do coronavírus elevou o número de infectados no país, Mandetta falou em fé e ciência.
Mandetta falou em continuidade da "defesa intransigente da ciência" e que em suas orações iria pedir " bons resultados" para a nova equipe.
O ex-ministro ainda destacou que desejava à nova equipe do novo ministro da Saúde, Nelson Teich, "uma transição suave" e, ainda, com "resultados "profícuos".
Mandetta foi exonerado nesta quinta-feira pelo presidente Jair Bolsonaro, em seu lugar assumiu o médico onclogista Nelson Teich.
Antes de ser nomeado, em artigos, Teich elogiou Mandetta e criticou o isolamento vertical, defendido por Bolsonaro.