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Em entrevista, Maia acusa Guedes de passar informações falsas à sociedadeApós demissão de Mandetta, Bolsonaro ataca MaiaApós ataques de Bolsonaro, deputados se solidarizam com MaiaBolsonaristas fazem carreata contra isolamento e paralisam avenida próxima a hospital em São PauloEle se referiu à aprovação pela Câmara do chamado Plano Mansueto, que prevê auxílio da União aos estados e municípios por causa dos efeitos econômicos impostos pela pandemia. O projeto é assim chamado em referência ao secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida.
Na visão de Eduardo Barbosa (PSDB), a busca pelo conflito faz parte da personalidade do presidente. “É uma fala que não agrega em nada e mostra o perfil impulsivo de Bolsonaro, sempre fomentando algum tipo de indisposição entre os poderes. O discurso vai ao encontro do eleitorado cativo dele”, diz, lembrando que o chefe do Executivo, por ter sido deputado federal durante sete mandatos consecutivos, entende o papel dos parlamentares no aprimoramento das propostas enviadas ao Congresso.
“O processo político pressupõe diálogo e compreensão. Muitas vezes votamos, na Câmara, projetos que o Senado vai revisar. É preciso que o presidente, que viveu no Congresso e sabe seu funcionamento, tenha a humildade de dialogar”, pede Bilac Pinto (DEM).
“CORTINA DE FUMAÇA”
Para o deputado Tiago Mitraud (Novo), Bolsonaro atacou Rodrigo Maia como forma de desviar as atenções da opinião pública, que estava voltada à saída de Mandetta. ”É alguém que continua em eterna campanha eleitoral e não entende o papel do cargo que ocupa. Bolsonaro não é presidente só da ‘bolha’ dele, mas de todo o país”, opina.
Odair Cunha (PT) é outro parlamentar mineiro a criticar, de forma veemente, o comportamento do presidente. “As declarações de Bolsonaro são desastrosas, como é seu governo. Ele não assume o papel de presidente e fica empurrando responsabilidades aos outros poderes para esconder sua incompetência para gerir o país”.
DEFESA DO PRESIDENTE
Integrante da base de apoio ao governo federal no Parlamento, o deputado Cabo Junio Amaral saiu em defesa de Bolsonaro. Amaral (PSL), que está em seu primeiro mandato, diz nunca ter conversado com Maia. “O presidente da Câmara está atropelando e empurrando ‘goela abaixo’ diversos projetos durante o período da pandemia sem o devido o processo legal. As votações a distância dificultam a obstrução e prejudicam as discussões”, alega, fazendo menção ao projeto de socorro aos estados e municípios.
Os parlamentares divergem sobre os impactos que as declarações de Bolsonaro terão sobre a relação entre Executivo e Legislativo. Ao ser perguntado sobre as declarações do presidente, Maia disse, também à CNN, que enquanto o Congresso recebe “pedras”, jogará “flores” ao Palácio do Planalto.
A maioria dos deputados ouvidos pela reportagem acredita que as rusgas não terão interferência nos trabalhos do Congresso Nacional. Para Bilac Pinto, Maia e os líderes partidários não vão “comprar” a estratégia adotada por Bolsonaro. “Quando um não quer, dois não brigam”, resume. Assim como Bilac, Eduardo Barbosa e Odair Cunha também consideram que a convivência entre os poderes deve seguir o curso da normalidade.
Junio Amaral e Tiago Mitraud, no entanto, dizem — por motivos distintos — que a convivência entre os poderes sempre esteve deteriorada. “As relações eram estremecidas desde o início do mandato. Agora, Bolsonaro está ‘queimando as pontes’”, enfatiza o parlamentar do Novo. Amaral, por sua vez, credita a situação ao presidente do Congresso Nacional. “Quando ele percebe que precisa atacar o governo, Maia se une à esquerda, independentemente da pauta. Ele não tem compromisso com ideias”, pontua.
SOMA DE FORÇAS
Pelas redes sociais, o vice-presidente do Senado, Antonio Anastasia (PSD), ressaltou a importância da harmonia para driblar os efeitos da COVID-19. “Não é hora de brigar. Não temos esse direito. Já temos confusões demais. Nós precisamos de soluções, voltar todas nossas forças, unidos, para salvarmos vidas e para salvarmos a economia do Brasil”, postou.
Também componente da bancada mineira no Senado, Carlos Viana (PSD) disse que as discussões prejudicam o enfrentamento à pandemia. “O presidente da República e o presidente da Câmara devem sentar, conversar e resolver qualquer eventual problema, para o bem do país”. A reportagem tentou contato, também, com o senador Rodrigo Pacheco (DEM). Segundo a assessoria, o parlamentar não conseguiu responder aos questionamentos por questões de agenda.