Menos de 24 horas depois de participar de um ato pró-intervenção militar em Brasília, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), disse que não é necessário fechar o Congresso Nacional nem o Supremo Tribunal Federal (STF). O chefe do Executivo falou em "respeito à Constituição" na manhã desta segunda-feira, durante pronunciamento à imprensa no Palácio da Alvorada.
Bolsonaro discursava sobre a coordenação da sua equipe no Governo Federal quando um apoiador ao lado pediu o fechamento do STF e do Congresso Nacional. Essa recessão aconteceu no período da ditadura militar no Brasil, após o Ato Institucional nº 5 (AI-5), em dezembro de 1968. O presidente rechaçou com veemência a posição do manifestante.
“Aqui não tem que fechar nada, dá licença daí. Aqui é democracia, aqui é respeito à Constituição Brasileira, e aqui é minha casa e tua casa. Então, peço por favor, que não se fale isso aqui. Supremo aberto, transparente. Congresso aberto, transparente. Nós, o povo, estamos no governo. Não vamos aceitar provocações rasteiras por parte da imprensa, que está aqui, me ouvindo aqui agora, com as exceções”, disse Bolsonaro, na manhã desta segunda.
Nesse domingo, durante o ato que gerou grande aglomeração em frente ao Quartel Geral do Exército, em Brasília, o discurso de Bolsonaro foi outro. O presidente disse frases como “eu estou aqui porque acredito em vocês. Vocês estão porque acreditam no Brasil" e "nós não queremos negociar nada, queremos ação pelo Brasil" aos apoiadores.
Bolsonaro, nesta segunda, também se defendeu sobre as palavras ditas aos apoiadores no ato, que também pedia o isolamento social vertical para combater a pandemia do novo coronavírus. "Peguem o meu discurso. Não falei nada contra qualquer outro Poder. Muito pelo contrário. Queremos voltar ao trabalho, o povo quer isso. Estavam lá saudando o Exército brasileiro. É isso, mais nada. Fora isso é invencionice, tentativa de incendiar a nação que ainda está dentro da normalidade".
A participação de Bolsonaro no ato desse domingo, que reuniu aglomerações em todas as regiões do Brasil em meio à pandemia - o que vai contra as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) - desagradou membros do Congresso, do STF, governadores e até prefeitos. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), três dos 11 ministros do STF e 20 dos 27 governadores se posicionaram publicamente contra os atos de tom autoritarista endossados pelo chefe do Executivo.