O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu, nesta segunda-feira (20/4), ao Supremo Tribunal Federal (STF), a abertura de inquérito para investigar eventual violação da Lei de Segurança Nacional por parte de manifestantes que foram às ruas de várias cidades, no domingo (19/4), pedir um novo AI-5.
Leia Mais
Kalil se diz envergonhado por ida de Bolsonaro a ato pró-golpe militarPSDB encaminha ação ao STF contra MP sobre dados telefônicosLíder da minoria no Senado, Randolfe representa contra Bolsonaro na PGRPGR pede ao STF para apurar declarações de Sérgio MoroPrefeitos lamentam presença de Bolsonaro em ato que pedia fechamento do Congresso"O Estado brasileiro admite única ideologia que é a do regime da democracia participativa. Qualquer atentado à democracia afronta a Constituição e a Lei de Segurança Nacional", afirma Aras em parecer.
O procurador não cita no parecer o presidente Jair Bolsonaro, que participou de ato em Brasília, em frente ao Quartel General do Exército. Manifestantes empunhavam faixas e cartazes pedindo o fechamento do Supremo, do Congresso e intervenção militar. Ele chegou a discursar aos manifestantes, afirmando que eles estavam ali "pelo Brasil".
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, Bolsonaro não é alvo do inquérito pois até o momento não há indício de participação dele na organização dos atos. Um integrante da Cúpula da PGR informou à reportagem que o inquérito "não tem alvo", e sim "investigação para apurar autorias".
O que foi o AI-5?
Durante o regime militar, que perdurou entre os anos 1964 e 1985, diversos atos institucionais foram baixados para dar mais poder ao governo e reduzir as possibilidades de reação da sociedade frente a repressão que ocorria por parte do Estado.
O Ato Institucional nº 5 (AI-5), o mais severo de todos os decretos, foi publicado em 13 de dezembro de 1968, durante o governo de Costa e Silva, um dos generais que governaram o Brasil durante a ditadura. Por meio deste decreto, o presidente foi autorizado a decretar o recesso do Congresso Nacional; intervir nos estados e municípios; cassar mandatos parlamentares; suspender, por dez anos, os direitos políticos de qualquer cidadão; decretar o confisco de bens considerados ilícitos; e suspender a garantia do habeas-corpus.
Ou seja, além de suspender as atividades do Congresso, fechando o Parlamento, o governo pode rejeitar pedidos de liberdade feitos na Justiça contra qualquer cidadão.
Na justificativa do ato, o governo afirmou que era necessário para alcançar os objetivos da revolução, "com vistas a encontrar os meios indispensáveis para a obra de reconstrução econômica, financeira e moral do país". O Congresso só foi reaberto em 1969. para referendar a escolha do general Emílio Garrastazu Médici para a Presidência da República.