O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), defendeu a participação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas manifestações deste domingo (19), que pediam o fim do isolamento social, intervenção militar e nova edição do AI-5 - ato institucional editado em 1968 que legitimou a repressão e a tortura durante a Ditadura Militar (1964-1984). A aparição pública gerou aglomerações nas proximidades do quartel-general do Exército em Brasília, o que contraria as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para conter a pandemia de coronavírus.
“É um direito dele ter a opinião, mas pode ser que eu não concorde. Eu não tenho feito isso aqui em Minas Gerais . É um direito dele se manifestar, estamos na democracia. Parece que tem pessoas que estão adotando um totalitarismo contra o presidente, aí eu não concordo também”, argumentou nesta segunda-feira (20), em entrevista à Globo Minas.
Zema também rebateu as críticas que recebeu por não ratificar a carta conjunta em defesa da democracia e em apoio aos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Assinado por 20 governadores, o documento apoia a articulação do Congresso para socorrer os estados e municípios em meio a crise do coronavírus. Contrário à proposta, Bolsonaro atacou os chefes legislativos - especialmente Maia, a quem acusou de “tentar tirá-lo do poder” e “conduzir o país ao caos”.
"Eu vejo que está havendo um movimento exacerbado, desnecessário, com relação a algumas falas, algumas questões do presidente. Outro dia até brinquei, se o presidente arrotar, vai virar motivo de alguém se manifestar”, ponderou o chefe do executivo estadual.
Na avaliação de Zema, o movimento organizado pelos colegas não diz respeito à gestão do estado e serve de palanque a “algumas pessoas”. Ele afirmou que prefere se concentrar na nos problemas decorrentes da crise financeira de Minas, uma das mais críticas do país.
O governador, no entanto, nega que esteja tentando agradar Bolsonaro, com quem se reuniu em 9 de abril, a fim de solicitar ajuda financeira do planalto para enfrentar os impactos da COVID-19 em Minas, bem como discutir a venda dos créditos do nióbio pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) - recursos mobilizados para pagar o 13° salário dos servidores públicos do estado.
“Se eu estivesse seguindo o presidente, talvez nós não estaríamos aqui com o isolamento social. O que eu faço questão é de não entrar em assuntos que não dizem respeito a mim. Meu foco é me dar bem com a Assembleia Legislativa. As reformas de Minas passam pela Assembleia e não por Brasília. Agora, eu ter uma boa interlocução em Brasília é fundamental também. E o presidente, vamos lembrar, ele pode estar errando em algumas coisas, mas está acertando em outras. Inclusive eu aqui a mesma coisa, e tenho certeza de que todos os governadores também”, destacou.