Ao anunciar que não é mais ministro da Justiça e Segurança Pública, na manhã desta sexta-feira (24), Sérgio Moro acusou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de querer controlar o trabalho da Polícia Federal. Esse teria sido o motivo de exonerar o delegado Maurício Leite Valeixo do cargo de diretor-geral da PF sem a anuência do titular da pasta, motivando sua demissão.
A autonomia da Polícia Federal como um respeito à autonomia da aplicação da lei, seja a quem for isso, é um valor fundamental que temos que preservar no estado de direito”, afirmou o ex-juiz, responsável pela operação deflagrada em março de 2014, pela Justiça Federal do Paraná, que investigou grande esquema de lavagem de dinheiro e propinas no Brasil.
“O presidente também me informou que tinha preocupação com inquéritos em curso no STF e que a troca também seria oportuna na Polícia Federal. Por esse motivo, também não é uma razão que justifique a substituição. Até é algo que gera uma grande preocupação. Enfim, eu sinto que eu tenho o dever de tentar proteger a instituição, a Polícia Federal”, declarou Moro.
O ex-magistrado disse que chegou a buscar “solução alternativa” para evitar uma crise política neste momento em que o Brasil e o mundo lutam contra a pandemia de COVID-19. “Acho que o foco deveria ser o combate à pandemia, mas entendi que eu não podia deixar de lado esse meu compromisso com o estado de direito.”