O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quebrou o silêncio e falou pela primeira vez após as acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que pediu demissão após afirmar que estariam ocorrendo ‘interferências políticas na Polícia Federal’. Bolsonaro disse que Moro tem ‘compromisso com seu próprio ego’ e que decisões ministeriais não são soberanas.
“Uma coisa é você admirar uma pessoa, a outra é conviver e trabalhar com ela. Hoje pela manhã (nesta sexta, 24), por coincidência, tomando café com parlamentares, eu lhes disse: 'hoje vocês conhecerão aquela pessoa que tem compromisso consigo próprio, com seu ego e não com o Brasil'. O que tenho ao meu lado, e sempre tive, é o povo brasileiro. Hoje, essa pessoa colocou uma alcunha entre eu e o povo brasileiro. Isso aconteceu há poucas horas. Um breve histórico: todos conheceram o sr. Sergio Moro em suas decisões em Curitiba. A Lava Jato existia, mas ninguém nega o seu brilhante trabalho. Conheci o Moro em 30 de março de 2017, no Aeroporto de Brasília. Ele estava parado numa lanchonete, fui cumprimetá-lo e ele praticamente me ignorou. A imprensa deu descrédito à minha pessoa. Fiquei triste, pois ele é um ídolo para mim. Eu era um humilde deputado, como são a maioria dos deputados. Não chorei, mas fiquei triste. Estava em Parnamirim e recebi um telefonema dele. Sua consciência tocou e conservamos sobre o episódio. Me senti reconfortável depois disso”, afirmou Bolsonaro.
“Acertamos, como fiz com todos os ministros. Vai ter autonomia para o seu ministério. Isso não significa soberania. Falei sobre meu poder de veto aos cargos chaves. Daria o sinal verde, ou não. Foi feito isso para todos os ministros. Dei sinal verde para 90% dos cargos. Foi feito isso com o sr. Maurício Valeixo, até ontem diretor da nossa honrada Polícia Federal”, concluiu.
Para o discurso desta sexta-feira (24), Bolsonaro reuniu todo o seu corpo ministerial, além de seu vice, general Hamilton Mourão. Todos, exceto o ministro da Economia Paulo Guedes, estavam sem máscaras, provocando aglomeração, contrariando as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) diante da pandemia de coronavírus.