A saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública gerou diferentes reações em figuras políticas de Minas Gerais. Para o deputado federal Cabo Junio Amaral (PSL), integrante da base de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Congresso Nacional, o ex-juiz se valia da possibilidade de pedir demissão como forma de ‘chantagear’ o chefe do Executivo em prol de uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente do PT de Minas Gerais, Cristiano Silveira, por sua vez, chamou de ‘delação premiada’ o teor do pronunciamento de despedida de Moro.
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Moro rebate Bolsonaro: 'Valeixo estava cansado de ser assediado para ser substituído'Bolsonaro rebate Moro e faz acusações a ex-ministro; veja pronunciamento na íntegraCarlos Viana diz não lamentar demissão de Moro, mas quer apuração das acusaçõesPGR pede ao STF para apurar declarações de Sérgio MoroAla militar do governo se sente traída e cogita retirar apoio a BolsonaroMoro tem áudios de conversas com Bolsonaro, diz jornalJunio Amaral afirma que a suposta condição imposta pelo ex-ministro era de conhecimento dos aliados de Bolsonaro no Congresso. “Moro sabia que a saída do governo dele, dessa forma, seria uma ‘bomba’. Então, ele ficou ameaçando e chantageando o tempo todo para conseguir a vaga no STF. O presidente tentou levar até onde pôde”, afirmou.
Cristiano Silveira, que é deputado estadual, conta ter ficado surpreso com o conflito que marcou o rompimento. Ele ressaltou a necessidade de investigar as denúncias feitas pelo ex-juiz. “Moro fez confidências de tratativas que começo a chamar de ‘delação premiada’. Ele disse que Bolsonaro queria tutelar a Polícia e, ainda, que precisava de uma pensão por ter abandonado a magistratura”, comenta, em referência ao que o antigo ocupante da pasta da Justiça disse em sua despedida. Ao deixar o cargo, Moro revelou que pediu uma pensão à sua família caso algo de grave lhe ocorresse.
‘Pior momento’
Na visão de Junio Amaral, Moro pediu demissão no ‘pior momento’ possível, por causa da crise econômica e sanitária imposta pela pandemia do novo coronavírus. Ele diz, ainda, que o ex-ministro não teve ‘ética’ ao fazer as acusações ao presidente.“Jamais deixarei de reconhecer os trabalhos feitos por Moro, principalmente enquanto juiz. Bolsonaro também reconhece isso, mas a maneira como ele escolheu sair foi a mais injusta possível. Se as acusações que ele apresenta são verdadeiras, por qual motivo não mostrou isso antes?”, questionou.
Autonomia à PF
Ao explicar as razões para o desligamento do posto, Moro disse que a autonomia prometida por Bolsonaro não estava sendo cumprida. Segundo ele, o presidente queria acessar até mesmo relatórios confidenciais. Ao comentar a saída do ex-juiz, o deputado federal Fábio Ramalho (MDB-MG) pediu apuração das denúncias, mas destacou a necessidade de um mecanismo legal que garanta liberdade de atuação à Polícia Federal.O deputado federal Marcelo Aro (PP-MG) considerou equivocada a forma como Jair Bolsonaro conduziu a exoneração de diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, e a crise com o ex-ministro Sergio Moro. Em meio à pandemia do coronavírus, ele esperava mais serenenidade do presidente.
“Em relação à saída do Moro, minha opinião é que o presidente tem agido de uma maneira um pouco atabalhoada. Ele poderia fazer o que quer, mas com jeito, da maneira correta, no tempo correto. Avalio que ele fez no tempo errado, do jeito errado e da forma errada. A gente roga para que, de fato, o presidente tenha um pouquinho mais sensibilidade para ver o momento em que estamos vivendo, a crise do coronavírus, e que possa juntar forças para superar a crise e não agravar a crise”, comentou Aro.