Mais de 48 horas após o anúncio do pedido de demissão do então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e da troca de acusações entre ele e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), figuras de ambos os lados seguem publicando confrontações. Neste domingo, a advogada e esposa do ex-juiz, Rosângela Wolff Moro, escreveu que ‘viveremos tempos difíceis’, prevendo um aumento de ataques sofridos e fake news envolvendo discordantes do governo federal.
Entre a manhã e a tarde deste domingo, Jair Bolsonaro e Sergio Moro também usaram as redes sociais para publicar suas visões sobre o embate gerado pela saída do ex-ministro. A demissão, segundo afirmado pelo ex-juiz em coletiva de imprensa nessa sexta-feira, era a única opção a ser tomada depois que o presidente tentou interferir politicamente em exonerações na Polícia Federal.
“Viveremos tempos difíceis, certamente, com a propagação de ofensas e inverdades, sejam por parte de robôs ou de pessoas que discordam dos nossos valores. Mas sigo confiante de que fazer a coisa certa é sempre o caminho necessário”, comentou Rosângela. Ela também lamentou o caos político gerado em meio ao combate da pandemia do novo coronavírus (COVID-19) e defendeu sua trajetória e a do marido, lembrando que a Operação Lava-Jato é uma conquista da sociedade contra a corrupção.
“Sou cidadã e, ao mesmo tempo, esposa de uma pessoa que lutou fortemente contra a corrupção sob a máxima: a lei é para todos, em defesa do estado de direito. A Lava-Jato é uma conquista da sociedade brasileira. Também somos uma família que sempre, com muita fé em Deus, defendeu valores de ética e verdade. Nunca ofendi qualquer autoridade do país, mesmo quando discordava. Nunca insultei ou ofendi qualquer condenado quando meu marido era juiz. Atos têm consequências e cada um responde pelos seus”, disse a advogada.
Embate Moro x Bolsonaro nas redes sociais
Em sua conta no Twitter, Bolsonaro disse que o seu ex-ministro "mentiu" ao afirmar que o presidente estaria tentando interferir na Polícia Federal. Moro afirmou que resistiu a pressão do governo pela exoneração do então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, indicado pelo ex-juiz ao cargo.
"Lamentavelmente o ex-ministro mentiu sobre interferência na PF. Nenhum superintendente foi trocado por mim. Todos foram indicados pelo próprio ministro ou diretor geral. Para mim os bons Policiais estão em todo o Brasil e não apenas em Curitiba, onde trabalhava o então juiz", escreveu o presidente.
Também pela mesma rede social, Moro afirmou que tem sido vítima de fake news disseminadas após oficializar a saída do governo federal.
“Tenho visto uma campanha de fake News nas redes sociais e em grupos de WhatsApp para me desqualificar. Não me preocupo; já passei por isso durante e depois da Lava Jato. Verdade acima de tudo. Fazer a coisa certa acima de todos”, escreveu o ex-juiz.