Jornal Estado de Minas

Mourão critica forma de saída de Moro: "Não é a mais apropriada"

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, acredita que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro não escolheu a melhor maneira para sair do governo. Para ele, o ex-juiz federal poderia ter deixado o posto de forma mais discreta. Mourão comentou o assunto em entrevista por videoconferência ao consultor político Murillo de Aragão, da Arko Advice, nesta segunda-feira (27/4).



 

Apesar de ter elogiado a atuação do ex-ministro na condução da operação Lava Jato e à frente da pasta, Mourão comentou que "a forma como o ex-ministro Moro saiu não é a mais apropriada". Ele "poderia simplesmente ter solicitado a sua demissão", disse. Na visão do vice-presidente, "só isso já seria um problema para o governo, pelas próprias características do Sergio Moro".

 

"Na minha avaliação, ele fez um bom trabalho no Ministério da Justiça. Entretanto, como em todo e qualquer relacionamento entre um chefe e seu subordinado, termina por ocorrer algumas rusgas, que levaram a desentendimento, fruto da visão que o presidente tem. Como consequência, o ministro solicitou a sua demissão", explicou Mourão.

 

Diante da decisão, "é vida que segue", considera o general. "Toda vez que o governo se instala e compõe seu grupo de ministros, a gente sempre fica naquela expectativa positiva de que aquele grupo irá perseverar. Mas a gente sabe que isso não é simples", comentou. "O presidente está buscando um nome substituto, e esperamos que as coisas se acalmem", acrescentou.



 

Ao anunciar a saída do governo, na última sexta-feira (24/4), o ex-ministro deu uma entrevista coletiva de 40 minutos, na qual apontou divergências com o presidente Jair Bolsonaro e afirmou que ele tentou interferir em investigações da Polícia Federal. Segundo Moro, "haveria abalo na credibilidade do governo com a lei".

 

O que levou à demissão foi a troca da direção-geral da PF. Bolsonaro exonerou Maurício Valeixo, nome escolhido por Moro, apesar de o então ministro já ter avisado que largaria o cargo se isso ocorresse. Na entrevista em que anunciou a saída, o ex-ministro disse que "não são aceitáveis indicações políticas".