O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, acredita que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro não escolheu a melhor maneira para sair do governo. Para ele, o ex-juiz federal poderia ter deixado o posto de forma mais discreta. Mourão comentou o assunto em entrevista por videoconferência ao consultor político Murillo de Aragão, da Arko Advice, nesta segunda-feira (27/4).
Leia Mais
Maioria diz que governo Bolsonaro 'perdeu muito' com saída de MoroBolsonaro tem uma ''missão'' ao oficializar novo ministro no lugar de MoroDeixar o governo era a única atitude eticamente aceitável, diz Rosângela MoroSTF autoriza abertura de inquérito para investigar acusações de Moro contra BolsonaroBolsonaro convida André Mendonça, da AGU, para Ministério da Justiça, diz jornal
"Na minha avaliação, ele fez um bom trabalho no Ministério da Justiça. Entretanto, como em todo e qualquer relacionamento entre um chefe e seu subordinado, termina por ocorrer algumas rusgas, que levaram a desentendimento, fruto da visão que o presidente tem. Como consequência, o ministro solicitou a sua demissão", explicou Mourão.
Diante da decisão, "é vida que segue", considera o general. "Toda vez que o governo se instala e compõe seu grupo de ministros, a gente sempre fica naquela expectativa positiva de que aquele grupo irá perseverar. Mas a gente sabe que isso não é simples", comentou. "O presidente está buscando um nome substituto, e esperamos que as coisas se acalmem", acrescentou.
Ao anunciar a saída do governo, na última sexta-feira (24/4), o ex-ministro deu uma entrevista coletiva de 40 minutos, na qual apontou divergências com o presidente Jair Bolsonaro e afirmou que ele tentou interferir em investigações da Polícia Federal. Segundo Moro, "haveria abalo na credibilidade do governo com a lei".
O que levou à demissão foi a troca da direção-geral da PF. Bolsonaro exonerou Maurício Valeixo, nome escolhido por Moro, apesar de o então ministro já ter avisado que largaria o cargo se isso ocorresse. Na entrevista em que anunciou a saída, o ex-ministro disse que "não são aceitáveis indicações políticas".