Apesar de ter elogiado a atuação do ex-ministro na condução da operação Lava Jato e à frente da pasta, Mourão comentou que "a forma como o ex-ministro Moro saiu não é a mais apropriada". Ele "poderia simplesmente ter solicitado a sua demissão", disse. Na visão do vice-presidente, "só isso já seria um problema para o governo, pelas próprias características do Sergio Moro".
"Na minha avaliação, ele fez um bom trabalho no Ministério da Justiça. Entretanto, como em todo e qualquer relacionamento entre um chefe e seu subordinado, termina por ocorrer algumas rusgas, que levaram a desentendimento, fruto da visão que o presidente tem. Como consequência, o ministro solicitou a sua demissão", explicou Mourão.
Diante da decisão, "é vida que segue", considera o general. "Toda vez que o governo se instala e compõe seu grupo de ministros, a gente sempre fica naquela expectativa positiva de que aquele grupo irá perseverar. Mas a gente sabe que isso não é simples", comentou. "O presidente está buscando um nome substituto, e esperamos que as coisas se acalmem", acrescentou.
Ao anunciar a saída do governo, na última sexta-feira (24/4), o ex-ministro deu uma entrevista coletiva de 40 minutos, na qual apontou divergências com o presidente Jair Bolsonaro e afirmou que ele tentou interferir em investigações da Polícia Federal. Segundo Moro, "haveria abalo na credibilidade do governo com a lei".
O que levou à demissão foi a troca da direção-geral da PF. Bolsonaro exonerou Maurício Valeixo, nome escolhido por Moro, apesar de o então ministro já ter avisado que largaria o cargo se isso ocorresse. Na entrevista em que anunciou a saída, o ex-ministro disse que "não são aceitáveis indicações políticas".