O senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PROS-AL) afirmou que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), está indo na 'direção certa' para sofrer um processo de impeachment. Collor avaliou que a abertura do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Bolsonaro é o passo inicial para o processo, mas diz que resta saber se a cassação do mandato virá via corte suprema ou Congresso.
De acordo com o senador, caso haja uma manifestação do STF para o Congresso, o procedimento “será autorizado imediatamente. Mas, se isso ocorrer, o quadro político deve encaminhar a ação para o impeachment. E é imprevisível se vai ser de um lado ou do outro; mas que é um desenlace anunciado, é”, reiterou, em entrevista ao portal UOL.
Nessa segunda-feira (26), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello autorizou o pedido de investigação feito pelo procurador-geral da República Augusto Aras para apurar as denúncias feitas contra Bolsonaro pelo ex-juiz Sergio Moro, que acusou o chefe do Executivo de tentar interferir indevidamente em investigações da Polícia Federal. O ex-ministro pediu demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública na sexta-feira (24).
O pedido de abertura de inquérito atinge não apenas Bolsonaro, como também o próprio Moro. O objetivo é apurar se foram cometidos os crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada ou, no caso do ex-ministro, de denunciação caluniosa e crime contra a honra.
Para Collor, “governo que não tem maioria no Congresso Nacional no sistema presidencialista não consegue terminar o mandato”. Para ele, “o presidente não tem como se sustentar sem apoio parlamentar majoritário”, afirmou.
Na visão de Collor, há semelhanças entre a situação em que Bolsonaro se encontra e o processo pelo que ele passou em 1992, que resultou em sua renúncia. “Essa falta de entendimento com o Congresso eu já vi. E não gostei do que vi. Não tenho nenhum gosto que aconteça novamente. Aposta nas ruas sem apoio político é errada”, disse Collor ao UOL.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Eduardo Murta