O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chamou de 'sonho' a nomeação de Alexandre Ramagem ao cargo de diretor-geral da Polícia Federal. O delegado assumiria oficialmente o posto nesta quarta-feira, mas foi impedido por decisão monocrática do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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Horas depois, o próprio presidente recuou e publicou em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) a desistência - ainda que temporária - de nomeação de Ramagem ao cargo que era ocupado por Maurício Valeixo, pivô da saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Durante o discurso desta quarta-feira, Bolsonaro criticou Alexandre de Moraes e disse entender que a decisão de suspender a nomeação de Ramagem fere a Constituição Federal. “Respeito o poder Judiciário, respeito as suas decisões, mas nós, com toda certeza, antes de tudo, respeitamos a nossa Constituição”, disse o presidente.
Relação com a família Bolsonaro
A principal crítica sobre a nomeação de Ramagem se baseia em pronunciamento de Sergio Moro. Ao deixar o governo, o ex-ministro acusou Jair Bolsonaro de tentar interferir politicamente na Polícia Federal, com a saída de Maurício Valeixo da direção. Integrantes da família do presidente estão envolvidos em investigações da organização.
Ramagem, devolvido à direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) após decreto desta quarta-feira, foi o escolhido para a PF por ser homem de confiança dos Bolsonaro. O delegado federal foi o responsável por chefiar a segurança do presidente durante a campanha nas eleições de 2018, após o episódio da facada, em setembro daquele ano.
A relação entre Ramagem e a família do presidente se estreitou. Nas redes sociais, foi publicada uma foto do delegado ao lado do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho de Jair, no réveillon de 2019.
Durante o discurso desta quarta, Bolsonaro falou da relação com Ramagem. “ É uma pessoa que conheci no primeiro dia após o fim do segundo turno, que foi escolhido pela Polícia Federal do governo anterior como um homem de elite, um homem honrado, um homem com vasto conhecimento, um homem à altura de representar e de ser o chefe da segurança do chefe da Presidência da República. Creio essa ser uma missão honrada para o senhor Ramagem”, disse.