Em meio à pandemia do novo coronavírus, nove centrais sindicais vão fazer nesta sexta-feira, 1, uma celebração on-line do 1º de Maio. Pela primeira vez, a data não será comemorada com shows e discursos para milhares de pessoas nas ruas. A comemoração do Dia do Trabalho também deve ficar marcada pela presença de antigos adversários políticos no mesmo palanque virtual. Embora algumas delas devam fazer discursos fortes contra o presidente Jair Bolsonaro, essa não deve ser uma bandeira única do evento.
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FHC manda recado para Bolsonaro: 'Renuncie antes de ser renunciado'Convite a FHC e Maia para ato de 1º de Maio causa racha nas CUTLula e FHC estarão em palanque virtual das centrais sindicais no Dia do TrabalhoBolsonaro sobre volta ao trabalho: 'Quem decide não sou eu'Os organizadores comparam a amplitude dos setores políticos representados com o movimento pelas Diretas Já, na década de 1980, que reuniu desde Lula e Leonel Brizola até Tancredo Neves e Ulysses Guimarães.
"É um 1º. de maio para questionar as políticas de emprego, saúde e salário mas também para colocar a questão da defesa da democracia. Não podemos deixar o Bolsonaro tratar o País como o quintal da casa dele, onde os filhos andam de patinete e fazem o que bem entendem. E sabemos que o movimento sindical sozinho não vai fazer essa mudança. Por isso decidimos ampliar", disse o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.
"Se vai ser impeachment, renúncia ou outra coisa quem vai dizer é a sociedade. Mas este presidente não pode continuar assim", disse o líder sindical, um dos que compara o movimento atual com a Diretas Já.
Diante da impossibilidade de realizarem um ato físico, devido à pandemia do coronavírus, as centrais optaram por fazer uma transmissão ao vivo pelas redes sociais durante toda a tarde de hoje.
Negociação
O evento começa com uma celebração ecumênica que vai reunir representantes de diversas religiões e a partir daí vai intercalar apresentações artísticas com discursos políticos. Será a primeira vez que Lula e FHC dividem um palanque, mesmo que virtual, desde o segundo turno da eleição de 1989, quando o tucano apoiou o petista contra Fernando Collor de Mello.
A articulação teve percalços. Setores da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT, questionaram a direção da central sobre a participação em um mesmo ato com Rodrigo Maia e Alcolumbre, segundo eles "inimigos dos trabalhadores". Representantes do PSOL, entre eles o ex-presidenciável Guilherme Boulos, decidiram não participar do ato devido à presença da dupla do DEM.
Representantes de organizações da sociedade civil como Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Associação Brasileira de Imprensa (ABI) foram convidados e devem participar.
Para manter a audiência, foram escalados dezenas de artistas. Os cantores Chico César, Zélia Duncan, Otto, Preta Ferreira, Dexter, Delacruz, Odair José, Leci Brandão, Aíla, Preta Rara, Mistura Popular, Taciana Barros e Francis e Olivia Hime vão se juntar a atores como Dira Paes, Osmar Prado, Maeve Jinkings, Paulo Betty, Fabio Assunção e Bete Mendes.
O ator norte-americano Dany Glover, que já participou de outros eventos da esquerda no Brasil e o músico britânico Roger Waters são as atrações internacionais. O ex-baixista do Pink Floyd enviou um vídeo cantando We Shall Overcome (Nós Devemos Superar, em tradução livre), composição do cantor folk Pete Seger, usada na campanha do ex-pré-candidato Democrata à presidência dos EUA Bernie Sanders.
Waters virou inimigo da extrema-direita brasileira ao estampar a frase "Fora Bolsonaro" em shows no Brasil em 2018. O 1º. de Maio unificado será organizado pelas nove maiores centrais sindicais do país, CUT, Força, UGT, CTB, CSB, CGTB, Nova Central, Intersindical e Publica sob o lema "Saúde, Emprego e Renda. Em defesa da Democracia. Um novo mundo é possível".