O evento online começou às 11h30 e se desenrolou ao longo do dia, até às 17h30. Além de palavras de apoio e homenagens aos trabalhadores, foram registradas muitas críticas ao atual presidente Jair Bolsonaro, chamado por Dilma Rousseff de “desprezível” e de “o mais brutal e desalmado chefe de estado entre todas as nações do planeta.”
Segundo a petista, “a data deste 1º de maio é especialmente grave, diante da morte de mais de 5 mil brasileiros, vítimas da negligência e da omissão” de Bolsonaro, que de acordo com ela “zomba dos mortos e avilta a cadeira de presidente da república.”
Na sequência, Lula adotou um tom mais moderado em seu discurso, de menos de cinco minutos. O ex-presidente manifestou solidariedade às famílias das vítimas da COVID-19, destacou a gravidade da pandemia que “trancou 3 bilhões de pessoas em casa pelo mundo” e enviou uma mensagem de esperança. “A história nos ensina, porém, que grandes tragédias são parteiras de grandes transformações. Espero que o mundo seja uma comunidade universal, em que o homem e a mulher, em harmonia com a natureza, sejam o centro de tudo e a economia e a tecnologia estejam serviço deles, e não o contrário, como foi até hoje. O coletivo triunfará sobre individual e a generosidade triunfará sobre o lucro”, disse o líder do Partido dos Trabalhadores.
Adversário histórico de Lula, superado por ele em duas eleições presidenciais, Fernando Henrique Cardoso, também participou, reforçando que é um momento de união. “A comemoração do 1º de maio é simbólica, expressa a solidariedade dos trabalhadores. Neste ano, temos um fato novo. Primeiro a situação do Brasil e do mundo, temos o coronavírus, uma pandemia. Segundo as mudanças econômicas muito rápidas, o medo, o medo da falta de renda, da pandemia, do desemprego. Por isso, uma só celebração com as diversidades de organizações sindicais e confederações e também divisões políticas é muito importante. Não é hora de nos desunir, é hora nos juntarmos. Temos que construir o futuro e o futuro se constrói com as condições do presente. São negativas, eu sei, mas são as que temos . Antes de mais nada, temos que ter capacidade de olhar para a frente, acreditar no futuro e juntar pessoas para marchar juntas”, disse FHC, lembrando que é preciso “manter a democracia e a liberdade.”
Além de representantes políticos e lideranças sindicais e de movimentos sociais, o evento teve a participação de artistas, como a atriz Dira Paes, que homenageou trabalhadores da saúde de todo o mundo, além de várias atrações musicais. Fernanda Takai, Odair José, Chico César e a banda Dead Fish foram alguns dos que apresentaram, diretamente de suas casas, sucessos de seus repertórios, especialmente escolhidos para o contexto.
A participação mais aguardada ficou para o final: um dos líderes do Pink Floyd, o cantor e baixista Roger Waters, que cantou We shall overcome, canção que se tornou um hino da luta por direitos civis nos EUA. Antes de tocar, ele disse: “Estou feliz por estar com vocês, meu coração está com vocês no Brasil. São tempos problemáticos, fiquem seguros”. Ao terminar, falou: "Vamos seguir a luta. Temos que salvar esse planeta a união dos trabalhadores é que salvará.”
Com cerca de 6 mil espectadores simultâneos na parte final da transmissão, o evento foi organizado pelas principais centrais sindicais do país, incluindo. CUT, CSB CGTB, CTB, Força Sindical. As presenças do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que inicialmente participariam do evento, não aconteceu. Ao final, o presidente da CUT Sérgio Nobre discursou contra Bolsonaro e pediu a renúncia do presidente, que segundo ele “não tem condições de governar o Brasil”. A live pode ser assistida na íntegra na página da Rede TVT no YouTube.